terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sinais

Por estes dias os jornais europeus andaram a abordar o fenómeno da islamofobia na Europa. Sobretudo depois do referendo suíço, que definiu a proibição de minaretes nas mesquitas aí existentes ou a construir.
As abordagens têm sido suficientemente abrangentes para evocar o célebre poema do Brecht a respeito de primeiro terem vindo buscar os comunistas, depois os sindicalistas e sucessivamente os sociais-democratas, os católicos e os judeus, sem que o narrador tugisse. Até chegar a sua própria vez.
Ou para se alargar a antigos deportados judeus, que referem a pequena alteração de ostracismo por parte dos suíços, primeiro para os semitas judeus nos anos 30 do século passado, e agora para os semitas árabes.
Na maioria das abordagens (excluam-se por decoro os entusiasmos criminosos de Le Pen e gentalha semelhante!) constata-se o perigo de ver os povos europeus derivarem para a negação dos valores e dos princípios em que têm baseado a superioridade civilizacional das suas sociedades.
De qualquer forma o referendo suíço vem reiterar algo que é de há muito conhecido: as ditaduras também saber recorrer aos instrumentos democráticos para fazerem prevalecer os seus interesses. O que, por outras palavras, quererá dizer que nem sempre ser maioria equivale a ter razão. Daí as vantagens de defender sempre as liberdades essenciais das minorias. O que equivale a dizer que muito embora o fundamentalismo islâmico seja outra forma de fascismo, pretender generalizar de forma primária a identificação de muçulmanos com terroristas é o caminho mais curto para se caucionarem novas catástrofes.

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