sábado, 24 de julho de 2010

Os impasses de direita

A leitura dos jornais do dia vai confirmando a ideia de exagerou quem entendia chegado o fim da História com a vitória definitiva do deus Mercado sobre  o legítimo anseio da maioria da humanidade em ver cumprida a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Se a actual crise económica ainda serve de trampolim aos que querem inflectir o curso da História, momentaneamente travada pelas sequelas da queda do muro de Berlim, os sinais de incapacidade da direita ideológica para evitar as consequências de uma agudização das diferenças entre os muito ricos e os miseráveis vão-se acentuando.
Na Alemanha, Merkel atinge o nível mais baixo de aceitação das suas políticas. Em França Sarkozy não se consegue livrar das revelações do caso l’Oréal. Em Itália Berlusconi atola-se nos interesses antagónicos e explosivamente conflituosos dos seus principais apoiantes (Bossi e Fini). E, em Inglaterra, Cameron vai escandalizando o orgulho britânico com gaffes inacreditáveis, enquanto os seus parceiros liberais afirmam posições, que se justificavam na Oposição mas devem ser comedidas ao ganharem a dimensão de definição estatal.
É certo que a Esquerda ainda só vai ciciando alternativas políticas pouco convictas, mas não se duvida da sua necessidade de defesa do Estado Social tão vilmente atacado pelos ultraliberais. Falta-lhe encontrar apenas o modelo do seu financiamento sustentado. Incluindo a possibilidade de nacionalização de negócios rentáveis com os quais gere as receitas necessárias às suas políticas redistributivas.
Interessante será a leitura das próximas sondagens nacionais tendo em conta que, tão só começou a falar, a estrela de Pedro Passos Coelho logo começou a empalidecer. Tanto mais que reavivar o debate da revisão constitucional, quando os portugueses se preocupam sobretudo com o desemprego só contribui para, antes de experimentar a sua receita na prática governativa, ele passar à condição de «has been».


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