segunda-feira, 11 de julho de 2011

No dia em que o bode expiatório já estava longe!

Agora que José Sócrates já não serve de bode expiatório para todos quantos ansiavam por políticas de direita e não sabiam como as aplicar, o despertar para a cruel realidade dos factos não deverá estar a revelar-se fácil. Porque se a troika até foi simpática para com os seus propósitos: privatizações baratinhas de negócios capazes de gerarem grandes lucros para os seus novos proprietários e uma legislação laboral facilitadora dos despedimentos - quem verdadeiramente está a comandar os cordelinhos da mais maquiavélica estratégia de acumulação de capital mostra-se completamente indiferente aos interesses dos seus verdes pupilos.
As agências de rating, que servem de batedores das investidas dos oráculos dos Omahas, estão-se completamente nas tintas para o sucesso ou o fracasso do capitalismo liberal neste ou naquele país. Possam assegurar aos seus oligopólios o cumprimento da lógica gananciosa dos seus verdadeiros patrões e tudo o resto é paisagem. Como reconhece Fernando Sobral na sua crónica de hoje no «Jornal de Negócios»: A Moody's não é uma borboleta: é um animal predador. Só ataca com golpes baixos. O primeiro-ministro sentiu mais o soco porque julgou que a Moody's tinha simpatias ideológicas com o seu Governo. Enganou-se: a Moody's só é liberal quando quer e interessa aos seus accionistas. 
No «Diário Económico», Francisco Murteira Nabo voltava a repetir o que está a ser reconhecido por cada vez maior número de sumidades: a questão de fundo está na Europa, e que por mais medidas que se tomem, quer em Portugal, quer noutro qualquer país, enquanto a Europa não evoluir de forma decidida para uma maior união económica "de facto" e não apenas "de jure", criando instrumentos de intervenção europeus de natureza estrutural numa cultura europeia de solidariedade, será difícil conseguir estabilidade nos mercados.
Infelizmente a Europa conta hoje com lideranças medíocres de políticos da estirpe de um Durão Barroso, quando necessitaria de gente visionária capaz de convencer os mais retorcidos nacionalistas nórdicos em como, até para eles, as vantagens de pertencer a uma vasta federação de nações são maiores do que se orgulharem dos serôdios valores dos seus limitados espaços geográficos...

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