domingo, 25 de março de 2012

Documentário: «OUT OF THE DARKNESS» de Stefano Levi

Em 2007 o fotógrafo e químico de Colónia fez uma reportagem sobre um centro oftalmológicono Nepal. Encontrou o doutor Sanduk Ruit, um médico que consagrou a carreira às populações desfavorecidas dos países subdesenvolvidos e desenvolveu métodos cirúrgicos de custo baixo para permitir uma assistência médica nas regiões mais inacessíveis do mundo.
Em Março de 2010, Stefano Levi regressou a Katmandou com a sua equipa de filmagem para acompanhar o dr. Ruit na sua deambulação pelas montanhas nepalesas não muito distantes da aldeia em que nascera.
Graças a uma intervenção rápida, profissional e pouco dispendiosa, ele opera pessoas com cataratas, que não podiam deslocarem-se ao hospital da capital, nem dinheiro suficiente para o respectivo tratamento.
Para estes pacientes o Dr. Ruit é um verdadeiro salvador: depois de terem vivido como párias, reencontram subitamente o seu lugar na comunidade aldeã.
O filme acompanha a equipa médica nesse esforçado périplo de vários dias pelos Himalaias para transportarem o equipamento médico para as elevadas altitudes. Desvenda igualmente as repercussões dessa opacificação do cristalino na população local, suscitada pelas carências alimentares e pela intensa radiação ultravioleta. E também faz eco do combate desses médicos empenhados na salvação dos seus doentes.
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Há um momento no documentário de Stefano Levi, que é impressionante: quando uma miúda, abre os olhos depois de lhe tirarem a venda colocada durante a operação. Primeiro surpreendida ela mostra-se capaz de seguir com o dedo uma das linhas da mão do cirurgião e logo abre um sorriso luminoso de felicidade por passar a ver. Ela que estava segregada na aldeia aonde vivia tornava-se capaz de se passar a integrar plenamente na pequena sociedade local.
Será essa a melhor retribuição que o Dr. Ruit e os que o imitam, encontram para o seu esforço por tão árdua paisagem como o é a das aldeias das encostas dos Himalaias. Já limitado pelos seus 57 anos, ele é o melhor exemplo do que deve ser um médico para os seus pacientes: quem neles não vê clientes dispostos a pagarem-lhes a consulta ou a operação, mas gente sofredora, cujos males poderão ser solucionados.
É um outro tipo de medicina, mais fiel à do juramento de Hipócrates do que à cada vez mais desenvolvida nas sociedades ocidentais.
A estreia recente deste documentário nas salas alemãs vem lembrar valores ainda existentes nas sociedades subdesenvolvidas, mas que o capitalismo tem vindo a destruir nas consideradas como mais avançadas.

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