sábado, 28 de julho de 2012

O topete desta gente é infinitamente grande!

A tomada de posse do atual Governo foi há pouco mais de um ano. Muito embora os portugueses sintam ter sido há já uma eternidade, tão violentos têm sido os efeitos da sua ação junto da maioria, não só dos que votaram contra ele, mas também a seu favor.
Essa sensação de isolamento não resulta apenas da quase impossibilidade de ver os seus ministros a comparecerem em cerimónias públicas, pela certeza de serem enxovalhados com insultos. Porque os cidadãos já não se limitam a repudiar as políticas erradas, mas também os compadrios que levam os Catrogas, os Borges e os Arnauts a prebendas ignominiosas, sem falar das trapalhadas sempre associáveis a esse exemplo de falta de quaisquer escrúpulos em que se transformou Miguel Relvas.
Daí que o dossier RTP, que ele pretende concluir aceleradamente antes de arrumar os papéis e regressar aos negócios obscuros, deve ser travado com determinação, porque como diz Daniel Oliveira no «Expresso» serei, até ao último segundo, contra a privatização de um canal da RTP porque serei contra a venda de um lápis que seja se o vendedor do que é meu for Miguel Relvas. E nem preciso de explicar porquê. Todos sabem o que lhe falta. Até ele.
Embora muitos comentadores mediáticos ainda se esforcem por justificar o injustificável, vão crescendo as vozes que dizem, preto no branco, o que já possui a evidência de um dogma.
É o caso de Fernanda  Câncio no «Diário de Notícias»: Para um primeiro-ministro que, com um ano de mandato, já logrou a proeza de ter falhado em tudo aquilo a que se propôs, com primazia para "o acerto das contas", que desdisse tudo o que era o seu discurso pré-eleições, cuja principal medida orçamental para este ano e seguintes é ilegal e que se depara dia após dia com o efeito da descredibilização, o fechamento na retórica providencial, que é também e sobretudo uma forma de vitimização, parece ser o último recurso.
Mas, ciente do fracasso iminente de tudo quanto vem defendendo, Passos Coelho, Portas e Cª vão, segundo Carvalho da Silva no «Jornal de Notícias», aumentando as advertências de que se as coisas correrem mal noutros países e no plano europeu, eles não podem responder pelo insucesso das políticas que nos vêm impondo. Ora, não têm faltado alertas e os chamados fatores externos são exatamente o resultado de "os outros" estarem a fazer as mesmas políticas que nós.
Só subsiste uma dúvida: qual será a reação dos líderes do PSD  e do PP quando, face à realidade incontornável, que já arrasta os países do norte da Europa para o vórtice da crise, estes decidirem libertar-se dos seus axiomas ideológicos e apostarem nas soluções apresentadas pelos mais sensatos dos seus senadores, como reflete o texto do quase sempre pessimista Viriato Soromenho Marques: A economia germânica está a declinar pelo sexto mês consecutivo. A capacidade de exportar está a cair, não só para a Zona Euro, devido à austeridade, como para a China, devido à desaceleração da economia de Beijing.
Se isso vier a suceder, irão Passos, Portas & Cª arriscar a mentira de sempre terem sido contra a austeridade e defendido o crescimento criador de emprego?
Não espantaria: o topete desta gente é infinitamente grande!


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