quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Política: Socorro! Eles querem que o tempo volte para trás!


Todos os dias as notícias sobre o estado da Nação não deixam dúvidas quanto ao profundo abismo para onde o governo de Passos Coelho está a empurrar os portugueses. E quando se trata de desemprego os números são aterradores pelo que significam para pessoas em concreto, incapazes de encontrar soluções minimamente dignas para garantirem a mera sobrevivência. É por isso que não se pode ficar indiferente  aos dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que revelam existirem em Julho, mais 4388 casais (um aumento de 99,3%) inscritos nos centros de emprego. Informa o «Público»: Desde Julho do ano passado que se regista um aumento em cadeia do número de desempregados em que ambos os cônjuges estão fora do mercado de trabalho.
Para o Governo a aposta parece ser a de fazer regredir o mais depressa possível o país para as condições existentes no tempo do fascismo, ciente de não lhe restar muito tempo para levar por diante tal ambição.
Um dos ministros mais ativos nesse regresso ao passado é Nuno Crato, que almeja voltar a encontrar um país de estudantes divididos entre o Ensino Profissional - tal qual existia nas antigas escolas comerciais e industriais para aonde eram empurrados os jovens das famílias mais pobres  limitados a estudos desqualificantes e de má qualidade - e o Ensino Privado (altamente subsidiado pelo Estado) destinado às famílias endinheiradas.
Sérgio Lavos, no blogue Arrastão, sintetiza e interroga: 
E, se olharmos bem para os cursos oferecidos (no tal Ensino Profissional), ainda se torna mais absurda e retrógrada esta salazarenta política educativa: comércio, bens transacionáveis, restauração, indústria; precisamente as áreas da economia que mais estão a sofrer com a catastrófica política do Governo PSD/CDS. Será Crato um genial visionário, ou apenas um idiota preconceituoso e alienado do mundo em que vive?
Mas preconceituoso é o epíteto mais suave que merece igualmente Passos Coelho se nos ativermos, uma vez mais, ao célebre discurso do Aquashow. Para João Galamba, no blogue Jugular, ele voltou a mostrar que não compreende o mundo em que vive. Brindou o País com a sua narrativa de moralismo pedestre sobre as causas da crise, reafirmando que acabou o regabofe e que no futuro o povo não será aliciado com falsas promessas nem cairá no facilitismo da dívida. Portugal viverá dentro das suas possibilidades; será poupadinho, honrado, austero, e feliz. Os portugueses saberão adaptar-se à sua condição e não ousar querer ser outra coisa que não aquilo que sempre foram. Estranho futuro este que só tresanda a passado.
E, no entanto, como diria Galileu, a Terra move-se apesar desta política bafienta e sem chama. Se a crise aqui chegou como corolário da crise aberta pela falência do Lehman Brothers em 2008, os sinais exteriores dão-nos exemplos de justificado otimismo. Assim, por exemplo, hoje em Porto Alegre, um tribunal condenou o gigante norte-americano Monsanto a avultada multa por publicidade enganosa a respeito da sua soja transgénica.
Esta multinacional, que tem suscitado tanta miséria na agricultura dos países mais pobres, está sob fogo cerrado de quem defende a necessidade de evitar o recurso aos piores exemplos de estratégias capitalistas no setor fundamental para alimentar a humanidade.
E, de outro país europeu, a Holanda, provém outro sinal de esperança: o governo de direita caiu e as sondagens dão como provável vencedor o Partido Socialista, que é uma espécie de Syriza.
Para quem crê que este puxão violento das políticas europeias para a direita tem de encontrar uma resposta radical de sinal contrário, o que se vai passando em Atenas e Amesterdão dá azo a prever que esta apagada e vil tristeza terá um epílogo a curto prazo...

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