quarta-feira, 17 de outubro de 2012

FILME: «A Nona Porta» de Roman Polanski



Acabada a leitura do livro do Arur Perez Reverte cresceu-me a curiosidade quanto a aferir o que, com ele, Polanski fizera no seu filme «A Nona Porta», que o trouxera até a rodar algumas cenas em Portugal.
Ora, sendo esse DVD um dos muitos arrumados na prateleira à espera de serem descobertos, não foi difícil fazer suceder à leitura a visualização da sua tradução em cinema.
Que começou por me dececionar profundamente, porque seguindo o autor espanhol duas linhas encadeadas de enredo, uma delas tomando «Os Três Mosqueteiros» de Alexandre Dumas como foco, e a outra um suposto tratado de demonologia, Polanski deixara cair a primeira, privilegiando exclusivamente a segunda.
Nas Opções Especiais o realizador explicaria que a abordagem mais fiel do conteúdo do romance seria extremamente complexa, pelo que assumia a escolha definitiva da versão mais associável às temáticas habituais do seu cinema.
Não nos esqueçamos, que o Diabo tem sido presença frequente na sua filmografia com destaque particular para «A Semente do Diabo», e na sua própria vida particular. Ou não tivesse Charles Mason, o assassino de Sharon Tate, invocado a demoníaca influência nos lendários crimes dos finais dos anos 70.
Distinto, pois, do livro, outra das alterações promovidas por Polanski e pela equipa de argumentistas com quem trabalhou, é a definitiva condição luciferina de Irene Adler, a guarda-costas, que Reverte deixara na ambiguidade entre essa possibilidade e a de constituir-se anjo-da-guarda de Corso. 
E se no romance era Varo Borja quem protagoniza o personagem do aprendiz de feiticeiro, que acaba incinerado no seu próprio ritual, Polanski substitui-lo aqui por Boris Balkan, que no livro era o grande impulsionador do Clube de apreciadores dos romances de Alexandre Dumas.
Como balanço final, «A Nona Porta» está muito distante dos melhores filmes do realizador de «Chinatown» (em definitivo o meu preferido!), mas vê-se com agrado enquanto divertimento tipo melhoral: não faz  bem, nem faz mal.
E é sempre agradável verificar as referências elogiosas a Sintra, que Polanski não elide nos comentários ao filme.

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