quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

POLÍTICA: o ano em que se acabará o medo!


No dia em que muita gente desligou o televisor para marcar o momento em que Passos Coelho se dirigia ao país, continuam a surgir nos jornais as mais diversas formas de o qualificar, mesmo sem recorrer à mais frequentemente utilizada nas manifestações de rua.
Assassino, propõe José Vítor Malheiros no «Público», numa crónica em que, relativamente a 2012, o designa como o ano em que Passos Coelho matou o Natal.
No «i» Tomás Vasques aborda a questão das previsões semore falhadas para dizer que neste Natal de 2012, sem burrinho, nem vaquinha no presépio, e com a desgraça a bater à porta de quase todos os portugueses, em vez do menino Jesus do que menos precisávamos era de ter o nosso destino nas mãos de bruxos e adivinhos.
No mesmo jornal, a Ana Sá Lopes conjetura sobre o estado de guerra em que nos encontramos com Passos Coelho a liderar as forças dos vende-pátrias: admitamos que vivemos um estado de guerra económica em que a sobrevivência do país como o conhecemos nos últimos 20 anos está em risco. Em que não nos podem anexar território – mas podem fazer regredir 30 anos no que respeita a desenvolvimento social.
Se isto é uma guerra, a batalha só pode ser contra quem aceita recuar aos confins da história. Infelizmente para Passos Coelho e para a imagem que gosta de fazer de si próprio, ele encarna o inimigo. “O resultado” vê-se nos números da decadência social.’
A voz insuspeita de Fernando Madrinha, do «Expresso», sempre associada às posições políticas mais conservadoras, não hesita em considerar o primeiro-ministro como o cabecilha de terroristas sociais: há no discurso político patamares abaixo dos quais um primeiro-ministro, ainda que tomado pelo pânico, pelo espírito messiânico do seu ministro das Finanças ou pela sujeição acrítica aos ditames da troika, nunca devia descer. Entrámos na fase do terrorismo social. Que ele seja estimulado pelo próprio chefe do Governo, eis com o que muitos não contariam.
Perante este comportamento obstinado contra a maioria dos portugueses, Nuno Ramos de Almeida, do «i», prevê um agravamento da repressão contra quem se manifeste nos próximos meses … mas também lembra o que pode suceder, quando esticam demasiado a corda: à força de espremerem sempre os mesmos, trabalhadores por conta de outrem e reformados, há um momento em que as pessoas deixam de ter alguma coisa a perder, e nesse instante os governos apenas conseguem mandar pelo medo.
Quando vemos que a activista Myriam Zular é acusada do crime inexistente de “manifestação não autorizada” por distribuir panfletos à porta de um centro de emprego e que se vai buscar aos baús da ditadura a acusação de motim para processar os arguidos dos incidentes da manifestação da greve geral, percebe-se que 2013 vai ser um ano de repressão.
Não se esqueçam os mandantes que também pode ser o ano em que se acabe o medo.

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