terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

POLÍTICA: o inamovível gaspar


Aí temos uma vez mais os representantes da troika, prontos a eximirem-se de culpas quanto às consequências das estratégias por eles combinadas com gaspar, já que a responsabilidade política do programa de «ajuda» será sempre do governo, que lhes dá guarida.
Não é que passos coelho mereça alguma condescendência por todo o mal, que tem feito aos portugueses, mas a obsessão ideológica em levar até ao fim um programa, que se vira inevitavelmente contra os seus próprios apoiantes, parece tender a obnubilar-lhe a mente. E a dar demasiada credibilidade a um mago das finanças, que não consegue acertar em nenhuma das suas previsões. E daí a teorizar de forma absurda sobre todas as consequências colaterais da sua ação vai um passo facilmente dado como o demonstra João Galamba na sua página do facebook: Passos Coelho acha que o desemprego é elevado porque (ainda) não há mobilidade/flexibilidade no mercado de trabalho. Exemplo disto é a tese de que parte do nosso desemprego é explicado por haver quem tenha comprado casa e, por isso, está geograficamente limitado na sua mobilidade, não tendo disponibilidade para aceitar, por exemplo, um emprego longe da sua área de residência.
Se Passos se abstivesse de reproduzir em público disparates teóricos sussurrados por Gaspar e olhasse para a realidade, talvez percebesse que, quando o IEFP tem 740 mil desempregados inscritos e apenas 10 mil empregos por preencher, isso é sinal que não estamos perante um desfasamento entre oferta e procura de emprego.
Passos pode flexibilizar e desregular o mercado de trabalho e obrigar os desempregados a 'sair da sua zona de conforto', mas nada disto resolve o problema de base, que é de escassez do volume de empregos disponíveis.'
Mas que gaspar já há muito que mostrava a habitual incapacidade para fazer com que os seus números batessem certos com a realidade, lembra-o Eduardo Pitta no seu blogue («Da Literatura») aonde se serve para o efeito de uma singular revelação inserida no insuspeito pasquim matinal: ontem, o editorial do Correio da Manhã recorda o célebre discurso do Oásis, proferido por Jorge Braga de Macedo quando era ministro das Finanças de Cavaco Silva.
A novidade do texto de Paulo Fonte está na revelação de um episódio que a maioria da opinião pública ignora. Braga de Macedo fez o famoso discurso com base na informação que recebeu de Vítor Gaspar, à época (Setembro de 1992) director do gabinete de Estudos Económicos do ministério das Finanças. 
Portugal é um oásis, disse o ministro. Fez a afirmação apoiado na informação recebida de Gaspar, que previa um crescimento do Produto Interno Bruto de 2%.
Sucede que, em vez de crescimento, a economia recuou 0,7%. Cavaco não perdeu tempo a mudar de ministro das Finanças. Ontem como hoje, Gaspar erra todas as previsões. É bom lembrar o episódio de 1992.
Quando até um veículo de propaganda a favor da direita vem contribuir para a defenestração do ministro das finanças, justifica-se a pergunta de Pedro Lains na sua página na net: onde estão os economistas apoiantes de Vítor Gaspar? O que lhes aconteceu? Como explicam o que se passou? Ou, perguntado de outro modo, alguém ainda consegue ter dúvidas de que a fórmula não funciona? 
No entretanto, Paul Krugman continua a repetir incansavelmente a sua tese óbvia, aqui reportada a partir do «Câmara Corporativa»: “Austerity, Italian Style é o título do artigo ontem publicado por Paul Krugman. O Diário Económico cita o artigo de Krugman: “As nações que impuseram políticas de austeridade severas sofreram crises económicas profundas; quanto mais severa a austeridade, mais profunda foi a recessão. E na verdade, esta relação tem sido tão forte que o próprio Fundo Monetário Internacional, num impressionante mea culpa, admitiu que havia subestimado os danos infligidos pela austeridade”. Que mais à frente sublinha que “a austeridade não serviu sequer para atingir as metas mínimas de redução dos encargos com a dívida”, porquanto o rácio da dívida em relação à dívida subiu. Como é o caso de Portugal.
Façamos votos para que comece enfim a ser ouvido!





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