sexta-feira, 7 de junho de 2013

POLÍTICA: com frouxidão não se irá lá!

Na emissão do «Eixo do Mal» da semana transata Daniel Oliveira emitiu uma opinião, que subscrevo inteiramente: com as suas afirmações recentes os banqueiros nacionais (Ulrich, Salgado) deixaram cair definitivamente a máscara civilizada em que se iam disfarçando e revelaram a mesma pobreza intelectual das elites salazaristas, com quem nunca conseguiram romper culturalmente.
Daí que uma verdadeira mudança política em Portugal não possa ser feita com a complacência dessa elite - como Sócrates quis garantir e Seguro bem se esforça por imitar! - mas contra ela. Mais: é importante que ela volte a ter medo das consequências de uma cada vez mais candente explosão social.
E a História ensina-nos isso mesmo: embora os países do Bloco Leste já pouco tivessem dos ideais comunistas, as oligarquias europeias e as suas marionetes políticas organizadas nos partidos de direita não se atreviam até 1989 a ponderar em legislações antilaborais e a uma redução do Estado Social como a que se tem vindo a acelerar desde então.
Pudera: o que se passava para lá do Muro de Berlim poderia servir de modelo para novos ataques aos interesses dos acionistas das grandes empresas, se estes se atrevessem a apertar demasiado o garrote à volta do pescoço dos trabalhadores. É que, por essa altura, ainda estavam presentes nas assustadas mentes de tal gente, as nacionalizações decididas pelo governo saído da Revolução de Abril sobre todo o sistema bancário e as principais empresas do país.
É por isso que, mesmo não podendo alimentar ilusões sobre o capitalismo de Estado, que os países do Leste Europeu não conseguiram criar com o mesmo sucesso com que os dirigentes chineses o vêm conseguindo, a classe média e o proletariado do nosso continente viram regredir significativamente os seus direitos desde esse dia fatídico de 1989 em que os sucessores de Honecker não conseguiram conter por mais tempo os alemães de leste dentro das suas fronteiras.
Agora, é tempo de recriar um clima de intimidação, que sobressalte as oligarquias dos bancos e de outras grandes empresas, pondo-as a temer pelo seu bem estar e suas propriedades se insistirem em prosseguir na cada vez mais desigual distribuição da riqueza produzida ou em diminui-la com o afã destruidor deste (des)governo que as representa.
Aqui está um desafio, que se colocará seriamente à esquerda portuguesa recentemente convocada por Mário Soares. Porque os tempos próximos não se compadecem com discursos frouxos, que não prometam senão mais do mesmo. É que a gravidade da crise chegou a tal paroxismo, que só novos discursos e estratégias poderão fazer descortinar a tal luz ao fim do túnel escuro aonde continuamos a avançar às cegas.


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