terça-feira, 4 de junho de 2013

POLÍTICA: Deviam ter vergonha!

À distância de uns bons milhares de quilómetros, e olhando com admiração para os manifestantes de Istambul, que se ergueram contra o governo de Erdogan por quererem salvar um parque, dá para perguntar como é possível os portugueses andarem tão sossegados, quando veem o país a ser destruído por este (des)governo inqualificável? Porque se é verdade, que se vão sucedendo manifestações, greves e vaias a ministros e a secretários de estado, andamos a dar razão a quem nos apoda de povo de brandos costumes.
Pergunta-se sobre o que terá ficado do ADN dos Buíças e dos Costas, que há um século foram capazes de, em gestos extremos, legarem revoluções regeneradoras aos seus compatriotas. Porque há tanta gente sem emprego, desesperada por não conseguir alimentar a família, ou quem já nem sequer o mínimo de subsistência com os salários de miséria, que desaparecem logo nos primeiros dias do mês, tão desfasados estão da carestia de vida.
Os jornais, a que vou acedendo pela net revelam escândalos, que deveriam levar os seus responsáveis atrás das grades das mais legitimadas prisões. Por exemplo o da destruição da Caixa Geral de Depósitos com passos coelho e antónio borges a quererem impor administradores que favoreçam os lobbies que representam (o da Fundação Champalimaud, por exemplo) e gaspar, a nomear e desnomear novos responsáveis sem chegar a qualquer conclusão em definitivo.
Um comentador sempre sensato (se não mesmo exageradamente comedido no que denuncia!) como é o diretor do «Diário Económico» fez o historial dos acontecimentos para concluir:  A conivência de Pedro Passos Coelho - derrotado em toda a linha neste processo - torna-o também responsável por estes lamentáveis episódios que os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos não mereciam. O primeiro-ministro não tem legitimidade para exigir o que quer que seja da CGD, menos ainda que seja líder do que quer que seja, quando ele próprio permite que Vítor Gaspar paralise o banco público e o mantenha em ‘stand by'. 
Quem assume, agora, as responsabilidades pelo que sucedeu, senhor primeiro-ministro? Pela degradação da imagem e da actividade da CGD? Pela fragilização de uma administração que já teria, sem esta ‘ajuda', um trabalho hercúleo? É mais fácil demitir gestores públicos de transporte, responsabilizá-los, mas isso não chega para apagar a irresponsabilidade política de quem conduziu a CGD a este estado comatoso. Deviam ter vergonha.
Outro crime de lesa-pátria, que este (des)governo está a lançar por diante é o da privatização dos CTT, que tem acelerado com as notícias de encerramento de estações menos rentáveis para os potenciais compradores.
Na Assembleia da República a deputada Ana Drago terá dado resposta pronta a um figurão do PSD, que veio justificar essa privatização em nome da suposta demonstração da incapacidade  do Estado para ser bom gestor. Ora esse deputado fora administrador de uma empresa pública (a CP), recebera ordenados pelas funções que deveria cumprir e nunca as enjeitou pelo facto de reconhecidamente se considerar «mau gestor».
Num texto de leitura obrigatória no «Expresso Online» ou no blogue «Arrastão», Daniel Oliveira denuncia essa decisão iminente quanto a uma empresa, que continua a dar lucro ao Estado de que ainda continua a ser um ativo. Assim como a equivale a outros dois crimes, um já concretizado (REN) e outro nas previsões deste governo (Águas de Portugal). A sua privatização, como outrora a de outras muitas antigas empresas públicas, esbulham o Estado de dinheiro significativo, que tem de passar a ser pago pelos contribuintes, enquanto os novos proprietários dividem entre si dividendos e bónus obscenos.
Fiquemo-nos aqui com dois extratos desse texto:
De todas as privatizações que foram e estão a ser feitas, a dos CTT é, com a da REN e a das Águas de Portugal, a mais criminosa. Os Correios dão lucro. Desde do início dos anos 90, quando as telecomunicações foram autonomizadas do serviço postal, que a empresa respira saúde, coisa que se acentuou a partir de 1996. Até lá, o serviço postal ajudava a pagar investimentos na área das telecomunicações. Investimento de que a Portugal Telecom (que juntou TLP e telecomunicações dos CTT) privatizada veio a beneficiar. Desde que a separação se deu ficou claro que o serviço postal era plenamente sustentável e, prestando um serviço público de referência em toda a Europa (e sendo uma das empresas com melhor imagem junto dos portugueses), ainda dá dinheiro a ganhar ao Estado. Dinheiro de que o Estado precisa. (…)
A privatização da REN, das Águas de Portugal e dos CTT são, depois de feitas, praticamente irreversíveis. Ou passaríamos por um período revolucionário (que ninguém prevê e poucos desejam), ou os valores necessários para recuperar estas empresas serão incomportáveis para os cofres públicos. Esta é uma das razões pelas quais a queda deste governo é uma urgência nacional. Se não for, como deveria ser, para construir uma alternativa, que seja para travar tanta irresponsabilidade que, depois de feita, dificilmente terá remédio. Os turcos ergueram-se para salvar um parque. Não conseguirão os portugueses fazer o mesmo para salvar uma das poucas joias da sua já tão delapidada coroa?
Incansável na luta pela Democracia em Portugal, o quase octogenário Mário Soares vai convocando conferências para o encontro das Esquerdas com as Direitas, que não se reveem nesta forma de impor uma ideologia sem olhar para as consequências sobre quem lhe sofre os desmandos. No «Diário de Notícias» o decano dos valores de Abril escreve:
Não admira (…) que a esmagadora maioria dos portugueses odeiem o Governo, reclamem a sua demissão, vaiem os ministros quando se atrevem a sair à rua e gritem contra o Senhor Presidente da República quando diz que este Governo é legítimo. Haverá em democracia governos legítimos contra a vontade popular? Só em democracias que estão a deixar de o ser, como, infelizmente, está a acontecer com a nossa.
Quando a queda deste (des)governo significar o reencontro com a Democracia no seu verdadeiro sentido há uma personalidade, que deverá ficar imortalizada por parte substancial de todas as malfeitorias praticadas sobre os portugueses.
Não é apenas pelas suas previsões falhadas, nem por se revelar um fanático das folhas de excel, que vítor gaspar merece ser execrado. Nem tão pouco por tanta desgraça acumulada de norte a sul do país e traduzível em suicídios nas suas mais diversificadas formas, incluindo as dos acidentes de viação.
O que deverá ser lembrado de vítor gaspar é o facto de existirem poucas personalidades da História Portuguesa em que alguém se dispusesse a fazer figura de marioneta dos interesses estranhos aos seus cidadãos.
Mesmo para os que - como é o meu caso! - desconfiam do conceito de patriotismo, a completa condição de vende pátria do ministro das finanças pede meças a miguel de vasconcelos ou ao conde de andeiro.
Na sua crónica no «Económico», João Galamba circunscreve-o à caracterização mais comum: Este governo, que é liderado por Vítor Gaspar, tem de cair porque já não representa ninguém. Não representa os interesses dos trabalhadores, não representa os interesses dos desempregados, não representa os interesses dos pensionistas, não representa os interesses dos empresários; em suma: não representa os interesses do País. Representa, apenas e só, a redução ao absurdo de uma estratégia austeritária que falhou em todos os países onde foi testada e que Gaspar, por incapacidade cognitiva, nunca abandonará. Os limites da linguagem de Gaspar são os limites do seu mundo. E Gaspar não tem outra linguagem que não aquela que olha para um deserto e insiste em chamar-lhe sucesso.


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