Ferreira Fernandes costuma brindar-nos no «Diário de Notícias» com algumas crónicas de uma mordacidade acutilante, que me dão, amiúde, uma grande satisfação na leitura.
No último dia de maio ele abordou o caso das máquinas alemãs de vendas de bilhetes de transportes, que põem em perigo os potenciais clientes. Segundo o cronista um número desconhecido delas estão cheias de gás nelas inserido por um bando de delinquentes depois de lhes tapar todas as saídas e apostado em fazê-las rebentar para lhes retirar o dinheiro. Porque o método, se resultou em muitas delas, terá falhado noutras, que se converteram em verdadeiras bombas em potência.
Resultado: incapaz de detetar as máquinas que constituem um perigo público, a polícia alemã alerta para os perigos de utilização desses equipamentos, porém, imprescindíveis para quem recorre aos transportes públicos. Conclui Ferreira Fernandes: Alemães sem solução para uma questão de transportes é preocupante. Mas esperemos que tenham aprendido pelo menos uma lição: quando se fecham todas as saídas, há risco de explosão.
Em suma, uma excelente metáfora sobre a crise económica europeia para a qual, com o seu culto da austeridade custe o que custar, o governo alemão arrisca provocar consequências imprevisíveis.
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