quarta-feira, 24 de julho de 2013

FILME: «Notre Poison Quotidien» de Marie-Monique Robin

Em 2010 a realizadora Marie-Monique Robin assinou um dos principais filmes de referência sobre a forma como os interesses das grandes empresas químicas vocacionadas para produtos destinados à agricultura e à indústria alimentar colidem com os interesses dos consumidores quanto à preservação da sua saúde.
O que o filme aborda é a questão da circulação das moléculas criadas pelo homem nas últimas décadas para aumentar a produtividade nas colheitas agrícolas ou em conservar alimentos mais duradouramente.
Hoje parece inquestionável a interligação entre certos problemas de saúde contemporâneos (recrudescência do cancro, doença de Alzheimer, etc) e a presença dessas novas moléculas no nosso organismo.
A realizadora interessa-se sobretudo pelo sistema de avaliação ambiental e homologação que autoriza a presença de pesticidas, de aspartame ou de Bisphenol A nos alimentos.
Marie-Monique Robin afirma que os debates de especialistas sobre os produtos utilizáveis e as doses admissíveis são totalmente vedados ao conhecimento público. Sem falar dos casos em que se apoiam em testes financiados pelas indústrias sob suspeita ou com modelos ultrapassados por ignorarem o efeito cocktail da utilização conjunta de diversas moléculas.
Hoje os perigos dos pesticidas são cada vez mais evidentes para muitos agricultores franceses, que se começam a organizar para combater os efeitos nefastos da «Revolução Verde». Muitos lamentam as opções utilizadas durante muitos anos para aumentarem as colheitas nos seus campos. E que suspeitam estarem na origem das doenças de que hoje se veem atingidos.
Olhando para sessenta anos atrás acreditava-se que a abundância alimentar estava ao alcance da humanidade graças às respostas oferecidas pelas empresas químicas. Mas, hoje não são apenas os agricultores a reclamarem as estratégias produtivas dos frutos, legumes e cereais, que chegam ao mercado. Os próprios consumidores sentem-se cada vez mais inquietos, sobretudo quando descobrem a pouca seriedade dos estudos, que fundamentam as quantidades máximas de produtos tóxicos nos alimentos que digerem.
Naquilo que comemos não são apenas os pesticidas, que estão em causa: também os corantes, os aditivos e os conservantes utilizados intensivamente na indústria alimentar têm incidências gravosas sobre a saúde de quem os consome. Como é o caso do aspartame, cujos efeitos cancerígenos estão comprovados por estudos credíveis e é um aditivo utilizado intensivamente em bebidas e doçarias existentes no mercado. E cujo produtor era a Searl aonde um tal Donald Rumsfeld era Administrador, quando a derrota de Gerald Ford o afastou momentaneamente dos cargos políticos de topo nos EUA. Searl entretanto comprada pela tristemente conhecida Monsanto.
Não admira que muitos cientistas digam que alimentarmo-nos está a transformar-se cada vez mais um perigo para a nossa saúde.
O filme conclui-se na região indiana de Odisha e numa conferência sobre o cancro em Bhubaneswar: nessa região utiliza-se o curcuma (uma espécie de açafrão da Índia) consumida regularmente pela população rural da região. Segundo Marie-Monique Robin ninguém aí sofre de cancro à exceção dos viciados em tabaco.



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