sábado, 10 de agosto de 2013

ASTRONOMIA: só sabemos que nada sabemos!



 Hoje sabe-se que o Universo é constituído fundamentalmente por buracos negros. E temos telescópios cada vez mais potentes, capazes de descobrirem o que se encontra em distâncias cada vez mais significativas, muito para além das galáxias mais próximas.
Um dos telescópios mais determinantes no salto qualitativo dado pela Astronomia no século XX foi o que se inaugurou no Monte Wilson (EUA) em 1917: pela primeira vez tinha-se optado por um local específico aonde a observação do espaço fosse otimizada nas suas condições de altitude, de clima e de distanciamento em relação à luminosidade emitida pelos centros urbanos.  Nesse sentido será obra para servir de padrão a todas quantas se seguirão com o mesmo propósito.
Com quatro toneladas de peso e um diâmetro de 2,5 metros, as lentes concavas fabricadas para esse Observatório conseguiam resolver a dificuldade de não se tornarem deformáveis por ação do próprio peso, seguindo um processo de fabrico revolucionário para a época, mas que já Newton concebera teoricamente.
Nos anos subsequentes à sua entrada em serviço esse telescópio permitiu um enorme número de descobertas, que marcariam doravante a História da Astronomia. Por exemplo a existência de nebulosas exteriores à Via Láctea e que expandiria os limites do Universo muito para além do até então imaginável.
Edwin Hubble ganharia justíssima fama como um dos principais astrónomos desse Observatório ao concentrar-se na Nebulosa de Andrómeda para aí descobrir diversas estrelas relativamente às quais começou a calcular as distâncias a que se localizariam mediante as suas variações de luminosidade. É assim que consegue situar Andrómeda a 800 mil anos-luz da Terra, ou seja a uma distância dez vezes superior em relação à mais distante das estrelas da Via Láctea.
Quando já se tinham descobertas tantas outras nebulosas e correspondentes galáxias, Hubble concluiu existirem no Universo muito mais estrelas do que o total dos grãos de areia de todas as praias da Terra.
Os cálculos de Hubble também permitiram a outros astrónomos avançarem com teorias não menos surpreendentes quantas as por ele formuladas. George Gamow, em 1946, demonstra que o universo está em expansão com a luz emitida pelas estrelas das galáxias mais distantes a tenderem para o vermelho no espectro de cores que as caracteriza. E, mais ainda, quanto mais distantes, maior a velocidade com que esse afastamento a partir do ponto aonde se dera o Big Bang no início dos tempos se verifica.
A teoria do Big Bang foi tão revolucionária, que o próprio Albert Einstein não quis acreditar na sua verosimilhança. Apenas com telescópios mais potentes foi possível corroborar a conformidade da teoria com os dados das observações das estrelas mais distantes.
Hoje em dia conhecem-se as velocidades de expansão de 930 mil galáxias.
Outro ano muito importante para a Astronomia foi o de 1964, quando Arno Pensias e Robert Wilson concluíram pela existência de uma temperatura constante por todo o Universo: 3ºK. Ora os modelos teóricos em que trabalhavam pressupunham o zero absoluto.
Num primeiro momento julgaram que esse desvio se devia a interferências no próprio radiotelescópio. Mas, posta de parte essa possibilidade, concluíram por outra explicação retumbante: esses três graus correspondiam ao calor remanescente do próprio big bang. O som que ouviam no Laboratório Bell, aonde trabalhavam, era o do próprio ruído da Criação.
Trinta e sete anos depois, e já com recurso a telescópios refletores enviados para o espaço - a sonda Wmap - detetam-se variações de milionésimos de grau por todo o espaço universal permitindo entender aonde ainda poderão nascer outras galáxias e conseguindo-se uma datação mais aproximada para o big bang: 13,7 biliões de anos.
Hoje os cientistas questionam-se sobre a forma de alcançarem observações e medições dos momentos subsequentes aos dessa criação original.

O telescópio Hubble foi criado com tal objetivo, alcançando resultados espantosos: quando, em 1995, foi direcionado durante dez dias seguidos para um ponto escuro no espaço aonde nada se vislumbrava, ele identificou ali mais de dez mil galáxias. Mas, sobretudo, já se conseguiram imagens de quando tinham passado apenas duzentos milhões de anos sobre o big bang o que equivale, em escala cósmica. aos seus momentos iniciais.
Nessa mesma década, e perante as discussões em torno da matéria negra, muitos astrónomos colocaram a dúvida quanto à possibilidade de, após o big bang, se poder temer um big crash.
Alex Filipenko, astrónomo no Hawai, concluirá que, bem pelo contrário, em vez de perder velocidade por força da gravidade, o Universo está a acelerar essa expansão. O que só poderá explicar-se devido a essa matéria negra, que corresponde a 95% da massa total existente no Universo.
Apenas conseguindo observar uma parte mínima do Universo, os astrónomos estão colocados perante o desafio de conseguirem ver o que se escondem nesses buracos negros.
Será resposta a obter num futuro próximo: o que se poderá descobrir durante este século será inimaginável se prosseguir o ritmo de aquisição de novos conhecimentos conseguido nos último cem anos.

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