domingo, 20 de outubro de 2013

POLÍTICA: o declínio do Império Português


Embora Anabela Mota Ribeiro revele algum entusiasmo pelo livro agora publicado pelo ex-publicitário Pedro Bidarra, nada do que ele costuma escrever no «Dinheiro Vivo», nem o que tem contado nas entrevistas que lhe fazem, tem sido motivo de grande interesse pelas suas idiossincrasias e pelas suas prosas.
Ainda assim, a entrevista dada àquela jornalista e publicada no suplemento de sexta-feira do «Jornal de Negócios» contém uma breve referência a uma tese de Jacques Attali em que vale a pena determo-nos.
Trata-se da explicação do antigo conselheiro de Mitterrand quanto à oportunidade perdida do Império Português no final do século XV.
Explica Bidarra: [Jacques Attali] “fala de um mundo policêntrico onde sempre houve centros mercantis. Veneza, Bruges, Antuérpia, Amesterdão, Londres, Boston, Nova Iorque (…)
Attali diz que os centros tiveram sempre um porto para facilitar o ir e vir das mercadorias. E sempre atraíram aquilo a que chama as classes criativas, onde inclui os advogados e os gajos do dinheiro, os comerciantes. Lisboa teve uma oportunidade, diz ele. (…)
Quando começou a decadência de Antuérpia, antes de Londres. Tinha um mercado, tinha o grande porto, tinha a agricultura à volta que podia sustentar isto. Mas expulsou as classes criativas. Expulsou os judeus, os homens de negócios. Mandámos embora a diferença.”
É claro que situar num único acontecimento a explicação para o fracasso nacional quanto à possibilidade de fazer de Portugal um autêntico centro do mundo então conhecido é demasiado linear.
A História consegue ser muito mais complexa do que estas fundamentações simplistas prefiguram. Mas, enquanto tese de trabalho já por muitos abordada e com potencial de investigação ainda por desbravar, não deixa de ser uma interessante pista!

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