sexta-feira, 15 de novembro de 2013

LITERATURA: Nas Nuvens com Siri Hustvedt e com Paul Auster

Na entrevista concedida a Nuno Artur Silva por Paul Auster e Siri Hustvedt («Nas Nuvens», Canal Q), uma das novidades é a da confirmação do escritor norte-americano em como foi verdadeira aquela história pessoal de ter mudado de perspetiva sobre a vida aos 14 anos, quando um amigo caiu fulminado por um raio a centímetros de si, morrendo instantaneamente. Não se terá, pois, tratado de liberdade criativa do escritor, mas de um evento real que explica assim o papel das coincidências nos seus romances. Porque, numa idade em que tanto está em equação a personalidade e as convicções assimiladas até então, uma experiência tal só pôde impressionar de forma indelével o futuro criador de tantos personagens fascinantes.
Essa noção de coincidência não tem subjacente qualquer conceito religioso: quer Paul, quer Siri, negam qualquer crença desse tipo, muito menos a do destino a que se tenham de submeter. Para o autor de «Palácio da Lua» existe sim uma mecânica da realidade, que funciona de molde a suscitar esses estranhos encontros. Mas ela não se contenta com uma explicação tão aligeirada e por isso busca aprofundar o papel dos mecanismos da mente capazes de a fazerem percecionar o funcionamento da memória ou da aquisição de conhecimentos. Nem que para tal se socorra do que, enquanto amigo do casal, António Damásio, lhes vai prodigalizando.
Para já Auster diz-se a contas com um romance de grande fôlego e número de páginas, que espera ter energia para levar a termo, enquanto Siri acaba de reescrever o início do próximo romance, que sentira não ter encetado da forma mais satisfatória...


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