domingo, 17 de novembro de 2013

POLÍTICA: sacudir a letargia, precisa-se!

Daqui a uns quantos anos os historiadores hão-de investigar como foi possível à esquerda ocidental não aproveitar a crise da Lehman Brothers em 2008 para desferir um ataque certeiro ao que fundamenta as progressivas desigualdades verificadas no sistema capitalista desde que reagan e thatcher lhe deram azo a assumir nova matriz.
Quando o próprio george dabliú apareceu aflito perante todos os americanos a tomar medidas de emergência para aguentar o sistema financeiro, estava evidenciada toda a dimensão das trafulhices imaginadas pelos banqueiros de Wall Street e da londrina City para transferirem dinheiro dos bolsos dos iludidos com o “capitalismo popular” para os dos gananciosos especuladores.
O que desde então se viu foi inimaginável: seja de direita, seja supostamente de esquerda, todos os governos europeus e norte-americanos decidiram levar por diante as políticas destinadas a fazer pagar pelos contribuintes os prejuízos verificados nos ativos dos bancos responsáveis pela crise.
Cinco anos depois, esses mesmos bancos envolvidos nas fraudes já voltaram aos negócios do costume, enquanto milhões de cidadãos estão a sofrer o desemprego e a quebra de rendimentos impostos pelas instituições internacionais, para “mutualizarem a dívida daqueles bancos”.
Quanto à regulação, que deveria impedir futuras repetições de bolhas suscitadas por valorizações excessivas de produtos e serviços cotáveis em bolsa, ninguém se voltou a preocupar em estabelecê-la.
O falhanço da esquerda em encontrar as melhores soluções para sair do ciclo viciado em que se viu enredada como muleta dos que promoveram as políticas só proveitosas para os suspeitos do costume, deveria motivar uma urgente análise capaz de a orientar para outras soluções.
Seria bom que a esquerda mais radical fizesse o balanço dos seus ganhos com as posições desde então fundamentadas em princípios inflexíveis, e que a levaram a aliar-se preferencialmente à direita para derrubar ou impedir as vitórias dos partidos socialistas ou sociais-democratas. Por exemplo, valeria a pena que o BE e o PCP expusessem que ganhos tiveram em coligar-se ao PSD e ao CDS para forçar José Sócrates a atirar a toalha ao chão.
E os socialistas ou sociais-democratas europeus deverão assumir sem rebuços a dimensão extra-fronteiriça da crise em que a União Europeia está mergulhada, propondo uma agenda para o crescimento e para a união fiscal, que possibilite uma distribuição mais harmoniosa de rendimentos entre os europeus, sem esquecer a relevância em regulamentar a atividade bancária de forma a impedi-la de misturar as suas atividades comerciais com as de investimento financeiro.
Numa altura em que cresce a influência da extrema-direita só a devolução da esperança aos europeus poderá obstar a que novas tragédias antidemocráticas se voltem a repetir!


Sem comentários:

Enviar um comentário