terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA: Com o que se parecia a vida no Egito de há 3500 anos? (1)

(DOCUMENTÁRIO: «Os Segredos do Vale dos Reis» de Joann Fletcher  (2013))




 Arqueóloga entusiasta, Joann Fletcher empreende o objetivo de reconstituir o quotidiano de um casal cujo túmulo foi encontrado intacto em fevereiro de 1906, e cujas múmias, e tudo quanto as acompanhavam para o Além, estão agora conservados no Museu das Antiguidades Egípcias de Turim.
Ele chamava-se Khâ e era o arquiteto responsável pelos trabalhos na necrópole de Deir-el-Mèdina, na margem ocidental do Nilo, mesmo em frente de Luxor. E a esposa chamava-se Merit.
Esse achado tão próximo do Vale dos Reis incluía, além das múmias, muito mobiliário, máscaras funerárias, produtos de maquilhagem, ferramentas do arquiteto e até vários tipos de pão.
Baseando-se nestes tesouros, Joann Fletcher procura a resposta para algumas questões: como era a casa de Khâ e de Merit? Como se encontraram? Em que consistia o trabalho de Khâ? Quais eram os seus costumes e atividades quotidianas?
Gastronomia, cuidados de beleza, rituais religiosos, vida amorosa, métodos de trabalho: a arqueóloga retrata com verve e rigor a vida desse casal egípcio, que viveu cerca de 1500 a.C.
Estava-se então no reinado de Amenhotep III, quando a civilização egípcia conhecia uma autêntica idade de ouro, sendo crível que Khâ tenha, com o seu saber, estado na origem de muitos dos monumentos de então. O que explicaria a vida algo faustosa, que era a sua e está testemunhada no conteúdo da sua derradeira morada.
O pão e a cerveja constituíam a base da alimentação. Desconhecendo a levedura, os egípcios criavam vários tipos de pão, em que misturavam os mais variados complementos desde ervas aromáticas ao mel. E, deixando os excedentes ganharem bolor, utilizavam-no como medicamento de uma forma só compreendida milénios depois: obtinham dessa forma uma versão pioneira do que seria a penicilina.
Através da análise de vestígios fragmentários, Joann vai prosseguindo a sua viagem ao passado, dando-nos a conhecer a tragédia por que passou a família, quando Merit morreu de repente, quando ainda era bastante jovem.
Na perspetiva de partilharem a imortalidade em conjunto, Khâ garantiu-lhe sepultura provisória até estar preparado o túmulo que ambos partilhariam. Até porque ele duraria até idade avançada, sempre ativo na profissão por que era admirado.



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