quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

POLÍTICA: o eleitoralismo à solta

Têm sido muitas as vozes avisadas que de manuela ferreira leite a Augusto Santos Silva, passando por Guilherme d’Oliveira Martins vêm alertando para os perigos de uma decisão estritamente eleitoralista quanto á forma como o país está em vias de dar por findo o memorando da troika.
Apostar-se-á ou não num programa cautelar, que garanta uma rede de segurança para os percalços dos tempos imediatos? Optar-se-á pela bravata de quem quer fazer soar tambores e trombetas sobre uma ilusória restauração ao jeito de 1640 como paulo portas já tratou de anunciar?
A segunda emissão de dívida pública deste ano, que ontem se verificou, parece apontar para a tentação da via mais fanfarrona e de melhores ganhos eleitorais, mas de gravosos custos para os portugueses.
Vejamos só estes factos:

(1) Portugal está a emitir dívida a taxas de juro próximas de 5%.
(2) O tesouro português passou a ter acumulados nos seus cofres um excedente de tesouraria próximo de 20.000 milhões de euros.
(3) Essa almofada de segurança  representa uma despesa adicional em juros que pode chegar aos 50 milhões de euros ao mês.
(4) Estes 20.000 milhões de euros acumulados em depósitos não são utilizados e não conseguem garantir um rendimento semelhante aos seus detentores.
(5) Um programa cautelar garantiria uma almofada similar por juros bastante mais baixos.
Daí que, ouvidos pelo “Público” dois conhecidos professores do ISEG tenham criticado esta estratégia: para Paulo Trigo Pereira uma saída limpa tem um custo elevado, porque estamos a agravar a taxa de juro média e a agravar o stock da dívida”. Por seu lado, João Duque considera que “é uma estratégia cara e o problema é que estamos muito endividados e com um serviço brutal. A questão que eu coloco é: se as eleições estivessem marcadas para 2018, estariam agora a acumular estes depósitos?”, pergunta.
As próprias contas vindas de Bruxelas denunciam que, mesmo com um crescimento nominal do PIB entre 3,5% e 4% e com um saldo primário estrutural a variar entre 2,6% e 3% do PIB, a taxa de juro de que precisaríamos para sustentar a dívida seria 4,5%. Ou seja abaixo daquilo que esta emissão da dívida conseguiu.


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