terça-feira, 20 de maio de 2014

POLÍTICA: Já lá vem outro carreiro!

Já se pode dizer que José Sócrates é o grande protagonista desta campanha eleitoral. Começando por a integrar apenas pelo apoio explícito à lista liderada por Francisco Assis, bastou este confirmar a sua presença na triunfal arruada pelas ruas de Lisboa para que os dois estarolas destacados pela coligação para as europeias começassem a dar sinais de terem sido vitimados pelo vírus da raiva e começassem a espumar pela boca.
Hoje até paulo portas veio ajudar à festa adotando aquele tom sério de quem tem tantas opiniões irrevogáveis e ainda julga adequado para enganar os papalvos a quem outrora visitava nas feiras. Se não fosse trágico - pelos danos que a sua ação política ainda está a causar aos portugueses - o comportamento de portas lembraria as comédias dos tempos do cinema mudo, quando o protagonista não dava conta de que o seu comboio já parou fora da estação e a ilusão de movimento decorre dos outros que vão a passar por ele. À conta de desacertar relógios, o ainda líder do cds ainda não percebeu que o seu tempo já passou e que o sonho de vir um dia a ser algo mais do que vice-primeiro-ministro se esfumou em mais uma incontornável demonstração do principio de Peter.
Perante aquela diatribe anti-Sócrates pus a questão: sou eu que estou fora da realidade, tendo em conta a confessada simpatia que tenho pelo antigo primeiro-ministro, ou são os portas, os rangéis e os melos a equivocarem-se quando julgam os portugueses ainda permeáveis a todas as campanhas sujas lançadas entre 2005 e 2011?
No domingo, e a menos que a abstenção deturpe muito a demonstração do estado das almas torturadas neste cantinho à beira mar plantado, a resposta será eloquente. Todos os socialistas algo desavindos com a forma como o partido tem sido conduzido sob a liderança de António José Seguro, que planeavam abster-se, já devem, a esta hora, estar mais que decididos a darem a devida resposta às provocações da direita. E, provavelmente, muitos dos que há três anos apostariam jamais voltar a dar o seu voto a quem, erradamente, julgaram responsável pela crise, já terão compreendido donde ela efetivamente surgiu e quem a quis cavalgar sem escrúpulos para se chegar ao tal pote! E esses serão os votos mais saborosos que deverão ser celebrados no domingo que vem!
Assim, se a direita quer um plebiscito ao que foi o governo Sócrates, tê-lo-á e arrisca-se a nele partir os dentes! Só então perceberá o quanto estão a fazer-lhe um inestimável favor: ao transformá-lo no seu ódio de estimação, promovem-no ao maior inimigo da austeridade, que impuseram nestes últimos três anos. Quantos terão, entretanto, ponderado até que ponto a implementação do PEC IV não teria impedido tantos jovens de seguir para a emigração, quantas empresas não teriam falido, quantas vidas não teriam findado no desespero solitário ocultado pelas estatísticas?
Veremos, pois, se o marketing da aliança da direita se atolou no lodo da sua própria fossa de dejetos e, com os seus discursos atarantados, se afundou um pouco mais. Eu apostaria que sim!
Será natural que, na segunda-feira, o grupo que agora lançou o «observador» para promover a candidatura de durão barroso a Belém em 2015 e garantir a alternativa de direita à esgotada parelha representada por passos e por portas, tenha de rever a sua estratégia: promover a manipulação de borla através da sua espécie de jornalismo modernaço talvez não chegue para dar luz às embotadas luminárias, que são os rui ramos, as helenas matos, as fátimas bonifácios e outras vedetas do neoliberalismo mais radical. Eles não imaginam que, com a dinâmica social e política em curso, eles correspondem àquela brigada do reumático que, em março de 1974, ainda acreditava na possibilidade de impedir a História de seguir o seu rumo natural…
É que já se adivinha outro carreiro para as formigas!


Sem comentários:

Enviar um comentário