domingo, 18 de maio de 2014

POLÍTICA: portas precisa de um divã

Não sou propriamente um entusiasta da interpretação da História à luz da interpretação psicanalítica dos comportamentos dos seus protagonistas. De facto, continuo a crer na leitura da dinâmica da realidade a partir da luta de classes tal qual proposta pela metodologia marxista. Mas convenhamos que, às vezes, podemos interrogarmo-nos até que ponto aquela outra abordagem não faz efetivamente sentido. Senão vejamos o caso de paulo portas, que veio agora celebrar os zeros do seu desacertado relógio apontando a José Sócrates a condição de “pai do resgate”.
Acutilante, o antigo primeiro-ministro não tardou a dar-lhe a devida resposta: “Ao dr. paulo portas sobra-lhe em descaramento o que lhe falta em honestidade intelectual. A mentira sempre atraiçoa o mentiroso.”
E voltaria a lembrar o que a maioria dos portugueses reconhece como evidente: “A verdade é que a responsabilidade de empurrar Portugal a um pedido de resgate foi do dr. paulo portas e do dr. passos coelho, que criaram a crise política que o tornou inevitável, com o único objetivo de irem para o Governo.
Mas a questão psicanalítica em torno de portas justifica-se ao sermos lembrados por dois jornalistas do «Público» - Maria Lopes e Pedro Crisóstomo – do seu confronto, noutras europeias, com o então cabeça-de-lista do PS, Sousa Franco, a quem crismava de «pai do défice».
Constata-se, pois, uma obsessão de portas em torno da identificação do pai. Como se não pudesse contornar algo de íntimo, que deixa extravasar para o exterior nestas ocasiões.
Talvez fosse por isso asizado que o ainda vice-primeiro-ministro cuidasse de se instalar confortavelmente no divã de algum psicanalista a exorcizar os seus fantasmas e livrasse os portugueses dos danos que à sua conta têm vindo a sofrer nestes últimos três anos…


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