terça-feira, 10 de junho de 2014

Quem nos quer enganar com a história do Dia da Libertação dos Impostos?

«Da propaganda liberal como uma das belas artes» é mais um dos excelentes artigos com que regularmente José Vítor Malheiros nos vem brindando no «Público». E desta feita ele vem desmascarar a demagogia das peças tóxicas de que foram feitos muitos telejornais e capas de jornais na passada sexta-feira, quando nos quiseram fazer crer no facto de ser esse o primeiro dia em que deixaríamos de dar dinheiro para o Estado para enfim podermo-lo gastar de acordo com a nossa vontade. O falacioso Dia de Libertação dos Impostos.
Malheiros alerta-nos para o facto de esse «estudo» provir da mais que suspeita “New Direction - The Foundation for European Reform”, uma organização neoliberal, que quer reduzir os impostos à sua mais exígua dimensão a fim de conseguir a privatização de tudo quanto é hoje assumido pelo Estado. Seja nos EUA, seja nos países da União Europeia, os donos do capital sabem que só conseguem adiar o crepúsculo do iníquo sistema económico em que aumentam a desigualdade da distribuição dos rendimentos se abocanharem o que ainda subsiste na alçada do Estado e possam gerar-lhes lucros.
Não é por acaso que a mesma organização não faz o mesmo tipo de contas para saber quantos meses nos são necessários para pagar anualmente a renda da casa ou o empréstimo respetivo ao banco, os gastos no hipermercado ou, sobretudo, os juros da dívida aos credores (aqueles que passos coelho nem sequer suporta ouvir que se devam renegociar!).
Com este tipo de notícia a direita procura despojar o Estado de quanto necessita para garantir os seus custos com a educação, a saúde, a segurança social e outros direitos básicos a que todos os cidadãos devem ter direito!
Não existe qualquer ingenuidade nos chefes de redação dos jornais ou dos serviços informativos das televisões, quando dão destaque a esta forma de intoxicação da opinião pública, já que cumprem as encomendas dos repetitivos patrões quanto a criarem a difusão de argumentos primários, capazes de soarem bem aos mais influenciáveis, os mesmos afinal que se indignam com este «esbulho» do Estado e se vão manifestar a seguir para a praça da aldeia a  protestar contra o encerramento da escola local ou do centro de saúde.
Hoje existe manifestamente menos Estado na economia do que se justificaria: bens essenciais como a energia, com as suas redes de distribuição, os combustíveis, os cereais e outros não menos importantes já estão a dar lucros aos interesses privados em vez de contribuírem para aliviar o peso dos impostos nos bolsos dos contribuintes. O que resta da banca, a TAP, os aterros sanitários e as águas estão prometidas para  breve aos mesmos «amigos» dos atuais governantes, depois de já lhes terem sido entregues os Correios. E as receitas que todos esses negócios poderiam gerar para o pagamento de médicos, enfermeiros, professores e outros profissionais, imprescindíveis ao bem estar de qualquer cidadão, só tendem a resultar dos tais impostos, que a Direita ainda mas quer reduzir. 
Como não se ainda há tanto a lucrar com o fim das escolas, dos hospitais e dos centros de saúde públicos aonde a palavra de ordem do governo continua a ser «Cortar! Cortar! Cortar!»?


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