quarta-feira, 17 de setembro de 2014

E, no entanto, não se demitem...

Durante os governos liderados por José Sócrates, dois dos atuais ministros de passos coelho distinguiram-se nas críticas e nos pedidos de demissão aos que então os antecediam nas pastas, que viriam a ocupar depois de 2011. É claro que estamos a falar de nuno crato e de paula teixeira da cruz.
O então crítico do «eduquês» andou a enganar muito crédulo, que acreditava piamente nas suas críticas ao meritório trabalho levado a efeito por Maria de Lurdes Rodrigues e por Isabel Alçada e julgou, enfim, chegado um tempo radioso para a Educação pública através de uma governação à medida de tanto maldizer.
Afinal o tiro está-lhe a sair pela culatra, já que começa a ser consensual a nomeação de crato para o título de pior ministro da Educação desde a Revolução de Abril. Porque os danos causados por ele e pela sua equipa no setor que tutela, levarão muitos anos a serem recuperados para regressar aos indicadores anteriores. Aquele que ainda vai valendo o reconhecimento internacional por medidas entretanto abandonadas na lógica de terra queimada.
O início deste ano escolar está a ser mau de mais para ser possível qualquer complacência. Se a impunidade pelos erros crassos não fosse uma cultura instituída com passos coelho, crato já há muito teria sido varrido das instalações da Avenida 5 de outubro.
As televisões vão-nos mostrando uma realidade feita de casos de:
· professores informados na passada sexta-feira das escolas onde se deveriam apresentar na segunda-feira, muitas delas a centenas de quilómetros da sua residência;
· escolas abertas apenas com auxiliares e sem professores para elas designados;
· professores nomeados para um mesmo horário ou para um mesmo lugar;
· professores do quadro sem colocação;
Sucedem-se assim, de norte a sul, os boicotes e os protestos, que levam o Observatório de Políticas de Educação e Formação a considerar que “este ano, o quarto do mandato do atual Governo, abre em guerra com os professores, com o descontentamento de muitos pais, autarcas, funcionários e outros profissionais”. Para a mesma organização “é mais um ano em que se aliam políticas de retrocesso educativo com incapacidade de gestão e um enorme desrespeito por todos os cidadãos”.
Mas se na Educação impera o caos, ele nada se compara com o terramoto criado pela imposição do novo Mapa Judiciário pela Ministra da Justiça, associado à utilização da plataforma informática Citius. Desde há duas semanas paula teixeira da cruz mergulhou na clandestinidade depois de deixar os tribunais completamente paralisados. Os julgamentos vão sendo adiados, a confusão entre os novos processos e os que já estavam informatizados não se consegue desenlear e é a própria bastonária da Ordem dos  Advogados a lembrar que, por muito menos, a então vice-presidente do PSD exigia a cabeça de Alberto Costa.
Que António José Seguro queira julgar que o descrédito dos portugueses na política tenha a ver com o número de deputados ou a forma como podem ser eleitos, é uma originalidade só explicada pelo populismo a que se agarra como forma desesperada de evitar a sua derrota iminente. Porque, na realidade, a razão desse descrédito assenta no facto de os máximos responsáveis por políticas, que prejudicam gravemente os cidadãos e o país, não retirem daí qualquer consequência e ainda tenham a falta de escrúpulos para quererem convencer de que continuamos a viver no melhor dos mundos possíveis…


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