sexta-feira, 12 de setembro de 2014

No Chile de Allende e nas Torres Gémeas de Nova Iorque: os culpados são os mesmos!

As estatísticas oficiais costumam apresentar valores muito semelhantes para o número de vítimas mortais do 11 de setembro de 1973 no Chile e para  o de 2001 nas Torres Gémeas de Nova Iorque. Cerca de quatro mil vidas perdidas num e noutro caso! Mas, mais do que essa macabra contabilidade há ainda uma outra característica que une ambas as tragédias: os culpados, que lhe estiveram na génese.
No Chile o golpe liderado pelo sinistro Pinochet teria tido maiores dificuldades de êxito se, nos anos anteriores, a CIA não tivesse marcado intensa presença em Santiago e em Valparaíso para criar as condições necessárias e suficientes para o seu plano de erradicação do perigo comunista naquele que era considerado o quintal norte-americano.
Aliciamento de militares, financiamento de jornais, rádios e televisões passíveis de irem promovendo a ideia de um país caótico e  desgovernado ou o lançamento de boatos capazes de aumentarem uma paranoia coletiva - tudo serviu aos estrategas de Fort Langley para levarem por diante o seu plano. Incluindo a necessidade da criação de uma atmosfera de terror subsequente ao golpe - com centenas de fuzilamentos e a aplicação generalizada da tortura! -  como forma de intimidação dos que sonhavam com outro tipo de sociedade, que não a capitalista. Para os «falcões» americanos havia que fazer do Chile de Allende uma espécie de vacina, que tirasse a outros povos a ilusão de poderem chegar ao socialismo por metodologias democráticas.
Já nos atentados às Torres Gémeas de Nova Iorque (deixando de lado o que de estranho ocorreu no Pentágono ou o voo tombado na Pensilvânia) a responsabilidade norte-americana - tão inequívoca quanto a verificada no Chile - decorreu do efeito de ricochete da conceção geopolítica do Pentágono e do Departamento de Estado.
Tal como nesta altura a política norte-americana está mais preocupada com os acontecimentos na Ucrânia co que com os verificados no Iraque, as Administrações de Reagan e Bush, sem poupar a de Carter, sempre privilegiaram o relacionamento com os países exportadores da região do Golfo Pérsico em detrimento da visão humanista, que os deveria condenar. Porque, para além da discriminação inaceitável da metade feminina das suas populações, esses países - tendo a Arábia Saudita como o mais relevante - primavam e continuam a caracterizar-se como ferozes ditaduras onde os mínimos sinais de irreverência são lapidarmente cerceados, quantas vezes com a pena de morte.

Mais anticomunistas do que democratas coerentes, essas Administrações não hesitaram em tudo fazer para expulsar os soviéticos do Afeganistão, apoiando para tal os guerrilheiros, que dariam origem à AL Qaeda e aos talibãs. Que o feitiço se tenha virado contra o feiticeiro, foi lição que a Casa Branca continua a não apreender. Porque, nesta altura em que o chamado Exército Islâmico o Iraque e do Levante deveria congregar uma grande coligação internacional destinada a eliminá-lo quer no terreno, quer nas redes sociais, Obama ainda persiste em arrastar a Europa para o atoleiro para que os golpistas de Kiev a quiseram conduzir, criando as condições para uma nova Guerra Fria.
O Ocidente continua sem querer olhar para a realidade dos factos: sempre que aposta no derrube de ditadores relativamente laicos do Médio Oriente - de Saddam Hussein a Assad – o que lhes tende a suceder é o caos, como atualmente na Líbia, ou Estados fracassados onde o fanatismo islâmico ganha importância. E, no entanto, não faltam lágrimas de crocodilo sempre que mais um jornalista é decapitado ou quando imagens terríveis de fuzilamentos ou crucificações em série assombram as piedosas almas de quem, na prática, há muito as fomentou...


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