terça-feira, 14 de outubro de 2014

Bons Negócios que se fazem na Madeira

Um quarto do livro de Gustavo Sampaio agora publicado - «Os Facilitadores» - é dedicado à Abreu Advogados, um dos escritórios com maior capacidade de gerar negócio na Região Autónoma da Madeira.
O Portal Base contém informação sobre 38 contratos conseguidos pela Abreu Advogados por ajuste direto e 16 deles são subscritos com entidades públicas daquela Região, num valor total de 387 mil euros.
Mas essa facilidade com que consegue gerar receitas naquele arquipélago tem uma explicação muito simples: em Janeiro de 2009, a Abreu Advogados fundiu-se com a SMS, que era ali a maior sociedade do ramo e fora fundada oito anos antes por João Cunha da Silva, desde 2000 a exercer funções de vice-presidente da Região Autónoma e assumido candidato à sucessão de Alberto João Jardim.
Igualmente entre os fundadores da SMS figurara Ricardo Vieira, que presidira ao CDS-PP madeirense entre 1984 e 1996 e fora vereador da Câmara do Funchal entre 2005 e 2009, altura em que era igualmente o advogado de Joe Berardo e Horácio Roque, então apostados em demolir o Hotel Reid e reconstruí-lo com mais 6000 m2 de área construída. O que obrigou à alteração do Plano Diretor Municipal, então decidida pela mesma Câmara de que Vieira era vogal!
Olhando para outra esclarecedora “coincidência”, a chefe de gabinete de João Cunha da Silva é Andreia Jardim, a filha de Alberto João, que está casada com José Miguel Tropa, um dos advogados que transitaram da SMS para a nova sociedade pós-fusão.
Outro dos advogados que transitaram da SMS para a Abreu Advogados chama-se Augusto Marques e foi quem representou Alberto João Jardim, quando este processou judicialmente o jornalista Eduardo Welsh por difamação.
Ora, esse mesmo Augusto Marques é dono de um conjunto de creches madeirenses com nomes como «A Quintinha dos Janotas» e «O Canto dos Reguilas», que, além de contar com a presença de Alberto João nas respetivas inaugurações, conseguira avultados subsídios para a sua construção … e para o consequente funcionamento: só no 2º semestre de 2012 elas custavam 721 euros ao erário madeirense.
Estes exemplos servem para demonstrar qual o objetivo do livro de Gustavo Sampaio: baseando-se apenas em factos, ele demonstra uma interligação inequívoca entre algumas das principais sociedades de advogados com os poderes políticos e com quem lucra à conta de avultados apoios do Estado.
Trata-se, pois, de uma leitura assaz elucidativa! 

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