sábado, 22 de novembro de 2014

Eu maluquinho de Sócrates, me confesso

Nas últimas horas o diretor do «Expresso» tem procurado desqualificar quem mais admira o anterior primeiro-ministro como tratando-se dos «maluquinhos de Sócrates» dentro do Partido Socialista.
A esse respeito tenho a confessar que me considero um desses maluquinhos de Sócrates e com muito orgulho. Porque, muito embora tente reagir tão racionalmente quanto possível  - e nesse sentido procuro manter a abertura de espírito suficiente para poder aceitar que a Procuradoria-Geral da República tenha razões bastantes para comprovar a ilicitude de alguns atos por ele praticados - quero crer que se verificará a razão de ser do provérbio: a montanha pariu um rato!
Mas, mais emotivamente, indigno-me veementemente com aquilo que salta à vista de todos quanto têm estado atentos aos acontecimentos relacionados com esta notícia:
- que algumas televisões tenham sido avisadas para estarem presentes no Aeroporto da Portela, quando ele chegasse de Paris, numa comprovação daquilo que o advogado Manuel Magalhães e Silva reprovou como a necessidade da acusação em fazer a encenação mediática dessa detenção!
- que a magistratura tenha apostado na tentativa de humilhar o seu suspeito, impondo uma medida de coação preventiva - ainda não sancionada por qualquer juiz! - quando se verá se ela seria efetivamente necessária ou peca por excessiva face ao teor das questões a serem esclarecidas!
- que tenha permitido a difamação em praça pública de uma pessoa sem nenhuma relação aparente com o caso - o representante em Portugal da farmacêutica suíça para que Sócrates trabalha como consultor para a América Latina - para viabilizar uma “narrativa” sobre o seu envolvimento numa operação de branqueamento de capitais para a qual não é tido nem achado!
Entrevistado pela SIC Notícias, Pedro Adão e Silva lembrava um documento emitido em 2010 pela Associação Sindical dos Juízes em que esta estrutura representativa dessa classe previa ser o século XXI o da preponderância do poder judicial sobre o executivo e o legislativo com a conivência da comunicação social. Como se a política devesse curvar-se perante os ditames da Justiça (e bem sabemos como isso levou a sucessivas vitórias de Berlusconi na Itália!)
Os recorrentes casos de escutas telefónicas, que a acusação vai fazendo chegar aos jornais para garantir o julgamento sumário de arguidos em praça pública, e que mais não tem demonstrado do que péssima investigação e mau jornalismo, justificam as suspeitas se o plano contido naquele documento não estará a ser executado clandestinamente e a colocar a Democracia seriamente em risco.
Por isso mesmo, na mesma ocasião, e apesar de nem sentir simpatia política e pessoal por José Sócrates, Magalhães e Silva exigir que a Procuradoria-Geral da República venha explicar em conferência de imprensa os motivos, que a terão levado a agir de forma tão arrogante.

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