terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Os promissores ventos vindos de oeste

Uma das singularidades dos comportamentos sociais e políticos é o quanto imitam os verificados na natureza: um ribeiro antes de secar tem um derradeiro fluxo mais intenso, o que garantiu a Steinbeck um dos seus mais conhecidos romances (“A um Deus Desconhecido”). Um moribundo antes de morrer é capaz de sair do coma e dar falsas ilusões de recuperação à família. Uma estrela ao morrer faz brilhar intensamente o céu durante o curto período da sua derradeira explosão!
Assim parece a política norte-americana onde a recente vitória republicana pareceria prever um futuro exultante para os perigosos patuscos do «tea party». Na Fox News não faltaram o’reillies a esfregarem as mãos de contentes perante a oportunidade de terem a maioria na Casa Branca, no Supremo Tribunal, no Senado e na Câmara dos Representantes.
Os acontecimentos das semanas mais recentes indiciam a forte probabilidade de estarem a cantar de galo antes do tempo: a revolta de milhares de cidadãos contra a forma como polícias brancos têm assassinado negros à queima-roupa não indicia apenas uma forte contestação contra a violência racial. Trata-se da luta de classes no seu esplendor com um argumento forte a dar azo à revolta contra uma distribuição cada vez mais desigual de rendimentos entre uma minoria oligárquica e o resto da população. Ela liga-se à luta de muitos norte-americanos dos restaurantes de fast food por um salário mínimo decente e por horários de trabalho, que não signifiquem escravidão.
Devemos por isso estar atentos aos ventos promissores, que parecem soprar do ouro lado do Atlântico! 

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