sábado, 21 de março de 2015

O salazarismo não acabou: está instalado entre nós!

Um dia, quando a distância histórica nos permitir olhar para estes últimos anos da política portuguesa com a objetividade de quem já conseguiu arrumar devidamente as emoções, será forçoso reconhecer que o mandato de passos coelho terá sido o do momentâneo retorno ao que o salazarismo teve de mais mesquinho nos valores e nas práticas.
Olha-se para aquela gente sinistra, que rodeia passos coelho e paulo portas nas fotografias e toda ela remete para o bolor fétido, que lhes habita as cabeças.
Por exemplo o secretário de estado dos assuntos fiscais, que é o paradigma já constatado em paula teixeira da cruz e em nuno crato em como os chefes nunca são culpados, porque encontram sempre subordinados em cujos ombros descarregar as culpas. Como escreve Elizabete Miranda num dos jornais económicos, «Paulo Núncio é mais um membro deste Governo a evidenciar uma extraordinária dificuldade em assumir as suas responsabilidades políticas. Quando se trata de faturar sucessos, quer o palco todo para si – faz as vezes de secretário de Estado, de diretor-geral e até de chefe de finanças de bairro. Quando é preciso dar a cara pelos fracassos não sabe, não conhece, não foi informado, foi até enganado. (…)»
Na chefe de paulo núncio há outra característica típica do salazarismo: o gáudio pelos “cofres cheios”, quando tanta gente vive no desespero de não ter com que viver.
Quem pode esquecer aquele tempo em que os portugueses, apesar de viverem miseravelmente, eram convidados a sentir “orgulho” por haver tanto ouro no Banco de Portugal?
Como comenta Nicolau Santos no «Expresso», “Maria Luís retoma assim a melhor tradição das nossas finanças públicas e segue a linhagem de um nunca esquecido ministro das Finanças que, dizem, terá sido o melhor da nossa História. É que, na verdade, houve um tempo na nossa história em que já aconteceu aquilo de que agora Maria Luís se ufana. O escudo era uma moeda forte e o país tinha das maiores reservas mundiais de ouro. O povo é que, infelizmente, não vivia lá muito bem. Mas isso eram na altura e são agora simples minudências. O que importa é os cofres cheios. E mais nada!”
Mas o pior é o que resulta desta “cultura” criptofascista destilada, não só pelos que dizem governar, mas também pelos pasquins que os apoiam e pelos magistrados e juízes, que vão consolidando o seu sinistro poder à conta desse populismo: o desprezo pelos valores fundamentais da Democracia e dos próprios Direitos Humanos (como se constata com a iniquidade com que José Sócrates é tratado!). 
Justamente inquieto, constata Miguel Sousa Tavares: “Paralisados pelo terror mediático reinante, nenhum poder institucional, incluindo a imprensa, se atreve a questionar e a pôr em causa estas novas formas de fazer política. Preferem assistir sentados à minuciosa degradação daquilo que são os valores fundamentais de um Estado de direito e de uma sociedade democrática. Alguns são novos demais para se lembrarem da alternativa, os outros são simplesmente cobardes.” 

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