sábado, 18 de julho de 2015

Pode não parecer, mas ela continua a girar...

Em aparência a Alemanha saiu vitoriosa das reuniões de Bruxelas, que impuseram a tremenda humilhação à Grécia com um programa em cuja concretização ninguém acredita. Nem mesmo schäuble, que aparece caracterizado quase unanimemente como o vilão da História.
Mas não é só ele e merkel a merecerem essa “consideração”. Na sombra um dos mais acirrados defensores da punição da Grécia tem sido o carlos costa alemão, um biltre chamado jens weidmann, que convém ir reconhecendo como um dos mais perigosos delinquentes políticos com que poderemos contar nos próximos tempos. Mais do que mero presidente do Deustche Bundesbank ele é a eminência parda por trás do sinistro ministro das Finanças, cujas competências como advogado não bastariam para ser o verdadeiro progenitor do modelo austeritário que a Alemanha quer impor aos países do sul da Europa.
E, esta semana, Mário Draghi reconheceu ter sido este alemão o principal opositor à decisão do BCE em aumentar a linha de Assistência de Liquidez de Emergência aos bancos gregos.
Há, porém, a reconhecer que a Terra está a girar como já o defendera Galileu no século XVI, e crescem  resistências a uma tão escandalosa demonstração de força da Alemanha sobre os demais parceiros europeus.
Dentro da Alemanha, depois de tomarem posições incompreensíveis contra os gregos, os líderes do SPD parecem ter caído em si e começam a manifestar desconforto com as opções tomadas pelo parceiro da coligação.
Igualmente significativa a posição manifestada pelo filósofo Jurgen Habermas, reconhecido como referência moral da cultura alemã, que confessou o receio de ter visto, numa só noite, o governo alemão ter desbaratado o capital político acumulado pelo seu país os últimos cinquenta anos.
Fora da Alemanha, já não bastavam os economistas mais reconhecidos do nosso tempo (Stiglitz, Krugman) a denunciarem a falência das soluções adotadas para a Grécia, e já se lhes juntaram dois dos pilares fundamentais da troika - o FMI e o BCE - a proporem a reestruturação da dívida.
Por quanto tempo conseguirão merkel, schäuble e weidmann aguentar o cerco no seu bunker. E quanto tempo faltará para que os colaboracionistas, que com eles têm pactuado, sejam devidamente punidos pelos respetivos povos por eles traídos?

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