quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Fantasmas do passado, ameaças do presente

Setenta anos passados sobre a agressão nuclear norte-americana a Hiroxima poucos duvidarão do verdadeiro fundamento da decisão de Truman em causar tal morticínio: na mente do sucessor de Roosevelt já estava bem incrustada a intenção de lançar a Guerra Fria e o crime serviria de aviso a Estaline para que refreasse o ímpeto expansionista da União Soviética.
A efeméride serve, pois, para lembrar aos mais distraídos em como, quando se trata do exercício do poder, a direita põe de lado todos os escrúpulos éticos e morais, não prescindindo de revelar a sua verdadeira face.  E, então, se o perde, entra na lógica do vale tudo, como Tsipras ainda sentiu bem na pele recentemente, ou ainda está a sentir se pensarmos na forma como a queda da Bolsa de Atenas está a suscitar o “clima” propício para uma maior propensão para as cedências perante as imposições dos credores nas atuais negociações para um terceiro resgate.
Mas, voltando ao Japão, a mesma direita também não deixa de se revelar fraudulenta quando se trata da sua relação com o nuclear.
Embora os japoneses tenham interiorizado, e de que forma!, as suas inquietações com essa forma de energia, o primeiro ministro Shinzō Abe assume-se como o testa-de-ferro dos grandes interesses privados do seu país, e como tal, igualmente da Tokyo Electric Power Company (TEPCO), a proprietária da central nuclear de Fukushima. Ora um enorme véu mediático cobre o assunto melindroso dos efeitos ambientais das explosões ali ocorridas e dos efeitos produzidos desde então.
A comunidade internacional manifesta uma preocupação muito significativa com as descargas de água radioativa para o oceano Pacífico por muito que os responsáveis da empresa continuem a aumentar o número de enormes reservatórios em torno da central para aí depositarem uma grande parte do fluxo de refrigeração diariamente utilizado para arrefecer o seu núcleo. São muitas toneladas de águas radioativas, que ninguém sabe como neutralizar nos seus duradouros efeitos perniciosos para o meio ambiente. E, pior, ainda é o facto de muitos desses depósitos terem fugas para o exterior, contaminando assim a zona circundante e, sobretudo, os veios freáticos existentes no subsolo.
A vigarice intentada pelas autoridades japonesas chega a tal sofisticação, que instalou medidores de radiação nas zonas habitadas mais próximas de Fukushima, mas cuidando de limpar cuidadosamente as zonas mais próximas onde colocou tais equipamentos. No entanto basta percorrer algumas dezenas de metros e logo os contadores Geiger assinalam níveis de radiação perigosos para a vida humana.
Temos, pois, um país traumatizado pelo nuclear usado com objetivos belicistas e, ao mesmo tempo, a sujeitar-se a futuras comoções, não menos perturbantes, devido à sua utilização como fonte de energia. Apenas justificada pela ganância dos acionistas da TEPCO em continuarem a assegurar os seus lucros...

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