terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ser ou não ser irrevogável

O anúncio do abandono da liderança do CDS por parte de paulo portas é a mais óbvia confissão de derrota pela direita trauliteira, que se apossou do poder durante quatro anos e o julgou fazer coisa sua duradouramente à custa de muita propaganda. 
Agora que claudicou o projeto de tudo privatizar em proveito de monopólios estrangeiros e de reduzir ao mínimo as remunerações e os  direitos de quem trabalha, portas percebeu a merecida e longa travessia no deserto prometida para si e para os seus cúmplices .
Que quererá fazer a seguir? Ganhar uma tribuna como a que marques mendes usufrui para, assim, imitar a estratégia marcelista e arriscar uma eventual candidatura presidencial? É uma hipótese credível já que não o adivinhamos a acomodar-se a uma eventual reforma dourada.
Podemos sempre conjeturar a hipótese de o ver  alvo de investigação para detetar tudo quanto sucedera com compras de submarinos e outros equipamentos militares no período em que foi ministro da defesa, mas convenhamos ser algo de impensável com este ministério público. 
Para o CDS, a saída de portas constituirá uma tragédia com dimensão shakespeareana, porque já se adivinham cenas pouco edificantes dentro das muralhas do castelo do Largo do Caldas: o facto de portas ter designado seis deputados para tomarem a palavra nos próximos debates parlamentares já está a causar crispação entre os que se recusam a ver neles a pequena short list de onde sairá o próximo líder. E a verdade é que em nenhum deles se adivinham as capacidades inequívocas de portas na arte da retórica para impedir o partido de se reduzir à exiguidade das suas limitações ideológicas.  Ou seja, a menos do que a lotação de um táxi...
O que joão almeida ou cecília meireles demonstraram nas intervenções da semana transata - e que foram quase unanimemente criticadas  nos jornais e nas televisões! - é a impossibilidade de aspirarem às competências do seu dececionado guru no equilíbrio periclitante entre as diversos grupos de interesses, que condicionam o comportamento político do partido. Aqueles que andarão, agora, a lançar piropos a António Costa na esperança de conseguirem refrear o obsceno fluxo de rendimentos dos mais pobres para os que já quase tudo têm.
Sendo difícil arriscar prognósticos, pode-se perspetivar uma reestruturação da direita portuguesa a médio prazo em torno do novo líder do PSD, aclamado quando passos decidir acompanhar o seu vice na retirada estratégica para os bastidores do palco político...

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