segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Os comunistas e a eleição presidencial

Existe uma vontade enorme da maioria dos comentadores televisivos em verem frustrados os acordos entre o PS de António Costa e os outros partidos da esquerda parlamentar.
Acaso isso sucedesse, não só eles ficariam confortados na tese do «viram o que eu tinha dito!», mas, sobretudo, julgariam premiada pela realidade o suplemento de conforto entretanto facultado a quem lhes paga as lentilhas.
Por isso mesmo, na noite de ontem repetiram-se as milhentas previsões sobre um PCP a lamber as feridas da derrota de Edgar Silva, e a pôr na rua a CGTP em campanha de afirmação e de hostilização contra as políticas do governo. Nessa perspetiva António Costa estaria em breve a contas com sérias dificuldades negociais com um dos partidos, que o apoia na Assembleia da República.
No entanto, o Nuno Saraiva, do «Diário de Notícias» veio constatar o óbvio: enquanto Marisa Matias fez uma campanha excelente em que nunca emitiu críticas ao governo, Edgar Silva primou pelo contrário, verbalizando uma inexistente semelhança entre António Costa e os seus antecessores.
Fica, pois, a questão: o PCP, que aprendera a lição das legislativas em que tanta gente na rua instou Jerónimo de Sousa a fazer uma aliança de esquerda, teve no seu candidato o exemplo lapidar dessa negação.
Ademais o próprio Marcelo só terá sido eleito por ter-se proclamado mais costista do que o próprio António Costa durante a campanha. Tivesse ele prometido cumprir os desejos de dissolução do parlamento como gostariam de ouvir Passos ou Portas e, a esta hora, estaria em vias de repetir o fracasso de Freitas do Amaral há trinta anos atrás.
Tudo indica, pois, que os eleitores sentem-se tranquilos quanto à solução governativa atual e o que menos desejam é a instabilidade secretamente almejada pelos tais comentadores. E Marcelo é sagaz, quando sabe que terá de aferir o seu mandato de acordo com esse desejo coletivo pelo tempo novo recentemente iniciado...

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