domingo, 10 de janeiro de 2016

Sim, nós podemos. Com uma ajudinha dos amigos!

Dias atrás, ao ser entrevistado pelo Canal Q, o Prof. Eduardo Paz Ferreira confessou-se desiludido com a forma como estava a decorrer a pré-campanha para as eleições presidenciais, já que imaginara uma dinâmica quase épica em torno da candidatura  de Sampaio da Nóvoa, de que é apoiante, e ela não se verificou.
Há uma culpada para que tal não tenha sucedido e o seu nome é Maria de Belém!
Para a generalidade dos eleitores de centro-esquerda de que ela se reivindica paladina, e para os da esquerda, de cujos votos ela necessitaria para contrariar a candidatura apoiada por Passos Coelho e Paulo Portas, poucos compreendem a justificação para a sua presença na liça. E não conseguem esquecer que, no seu afã de prejudicar António Costa, ela conseguiu ser quase tão «oportuna» como o juiz Carlos Alexandre ou o procurador Rosário Teixeira quando instrumentalizaram o caso criado contra José Sócrates nos momentos decisivos em que toda a atenção dos media deveria estar focalizada nos eventos socialistas.
Não tivesse Maria de Belém apresentado a sua candidatura e Sampaio da Nóvoa estaria hoje muito próximo dos 40% nas sondagens graças ao apoio de todo o Partido Socialista. E, pode-se aventar que, criando-se essa dinâmica quase épica de que falava o prof. Paz Ferreira, muito dificilmente o PCP e o Bloco teriam condições para apresentar os respetivos candidatos. Estaríamos, pois, numa situação em que iniciaríamos a campanha eleitoral propriamente dita com uma previsão de percentagens muito próximas entre os dois candidatos, que verdadeiramente contam.
Será essa a razão, porque, independentemente de quem vier a ganhar efetivamente a eleição presidencial, os socialistas não poderão perdoar a Maria de Belém o papel de idiota útil, que anda a fazer para favorecer Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas a personalidade equívoca de Maria de Belém revelou-se no seu esplendor, quando, no debate com Sampaio da Nóvoa quis inventar um final à Henrique Neto, inventando uma suposta divergência do antigo reitor da Universidade de Lisboa com o então ministro Mariano Gago, sabendo bem o quanto a sua memória ainda é tão grata para muitos milhares de portugueses.
A lama que quis lançar contra Sampaio da Nóvoa assemelhou-se bastante ao ensaiado ignobilmente por João Taborda da Gama, há uns meses atrás, quando insinuou ter sido Sampaio da Nóvoa o culpado do chumbo de Saldanha Sanches na tese de doutoramento na Universidade de Direito, e que manchou indelevelmente o júri que a tal se atreveu. Em tal júri, e na qualidade de reitor, Sampaio da Nóvoa só teria direito de voto se houvesse um empate entre os que o compunham. O que não se verificou: os professores que chumbaram o conhecido jurisconsulto, incluíam um tal Marcelo Rebelo de Sousa!
Maria de Belém imitou o execrável Gama enquanto atiradora de lama, mesmo sabendo o quão amigos eram Mariano Gago e Sampaio da Nóvoa. Mas, com a superioridade de quem despreza esse tipo de atitudes, este nem sequer deu importância à afirmação da interlocutora. É que os atos ficam com quem os praticam e, no decurso destes debates, Maria de Belém revelou-se sempre muito fiel ao que é: pequenina, muito pequenina, e não estamos apenas a falar da sua altura no cartão de cidadão.
Ao permanecer indiferente ao que ela disse, Sampaio da Nóvoa espelhou muito bem aquela que é uma das principais virtudes do tempo novo de que se sente porta-voz: a integridade e a transparência, contra a mesquinhez e a mentira dos que ficaram para trás. E Marcelo ou Maria de Belém não têm qualidades para serem protagonistas de um futuro por que tanto ansiámos.
Assisti à parte final do debate televisivo entre Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa na sede de campanha deste último, onde o Vítor Sarmento organizou uma excelente sessão de Canto Livre, que designou por Tertúlia de Música Portuguesa.
As centenas de pessoas presentes na sala vibraram com uma certa reconstituição do espírito do lugar - na aceção definida por Lawrence Durrell - vivido por muitos de nós  há quarenta anos atrás. E o entusiasmo foi tanto que, à chegada do candidato, entoava-se o «Canta, canta, amigo canta/ vem cantar a nossa canção/ tu sozinho não és nada/ juntos temos o mundo na mão», que ele ajudou a concluir ao integrar o coro dos que estavam em palco.
Esse foi um daqueles momentos únicos da nossa vida, que nós sabemos reconhecer como contendo algo de mágico. E que se enquadram bem na tal dimensão épica de que falava o Prof. Eduardo Paz Ferreira, ao lamentar não a ver na campanha. Porque teria de ser feita necessariamente de uma alavancagem das emoções...
Com os debates dos dias mais recentes, associados às sondagens que dão Marcelo a perder o gás, e a distância entre Nóvoa e Belém a cavar-se em mais de cinco pontos percentuais, ganha maior expressão a reação sentida na rua, quando distribuímos flyers: a dinâmica de vitória começa-se a sentir na simpatia e recetividade com que as pessoas estendem a mão para os receber.
Se dificilmente igualaremos a festiva arrancada de Obama para a vitória com a imposição feliz do seu slogan «Yes, We Can», podemo-la conseguir se nos convencermos que também nós podemos. É só uma questão de contarmos com mais uma «little help of our friends».

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