sábado, 27 de fevereiro de 2016

A urgente reparação dos estragos dos últimos quatro anos

O passivo apresentado pelos quatro anos de desgovernação da direita é pesadíssimo em muitas das áreas em que ela aplicou a regra de cortes, e mais cortes, e ainda mais cortes, para alcançar a mirifica meta de ter um Estado com um excedente de receitas em relação às poucas despesas, que manteria. Apenas os alucinados do Tea Party assim pensam.
A lógica do burro do tal sujeito, que comeria cada dia menos palha até se habituar a trabalhar sem comer - e que resultaria obviamente na sua morte! - foi a estratégia que fez com que, entre 2010 e 2014, o investimento público em ciência caísse cerca de 200 milhões e o investimento privado cerca de 330 milhões.
Estes números são os que o atual ministro da Ciência revela na entrevista ao «Público»  para constatar que “as medidas de austeridade tinham uma agenda neoliberal, esquecendo-se de que os recursos humanos são importantes e partindo do princípio - errado - de que o investimento público podia ser substituído por investimento privado.” Algo que nunca se passou em lado algum no mundo desde a II Guerra Mundial.
A ideia de reduzir o Estado á mínima expressão possível na expetativa de ver a iniciativa privada a substitui-lo só continua a ter cabimento na cabeça de lunáticos encadeados pelo fanatismo da sua ideologia.
A herança recebida pelo atual governo é, pois, a de um setor científico donde forma esbulhados 530 milhões de euros nos últimos anos, fazendo com que o distanciamento em relação aos padrões europeus se alargasse.
É por isso que Manuel Heitor retoma o testemunho, que foi deixado cair desde a saída de Mariano Gago da tutela da Ciência em 2011 e intenta fazer do conhecimento o desígnio da sociedade portuguesa. Numa altura em que se estão a formar 1,8 doutores por 10 mil habitantes - metade do que faz a Holanda e menos de metade do que sucede na Alemanha - é errado pensar-se que já temos demasiados doutorados para as capacidades do país. É precisamente o contrário, que se conclui, acabando de vez com a prosápia de pensar que a Ciência é uma atividade apenas reservada a uma elite.

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