quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Mas foi mesmo isso que ela disse?

Os desconchavos quotidianos da gente da direita na comunicação social têm sido tão frequentes, que caímos seriamente no risco de os vermos banalizados como se de coisa pouca se tratasse.
Só esta amanhã ouvi as declarações de Maria Luís Albuquerque a respeito do Orçamento, atualmente em apreciação na Assembleia da República, e fiquei numa daquelas situações em que me deixam muitas das afirmações recentes de Passos Coelho: será que estou a ouvir bem ou ainda ando num limbo entre os sonhos e a realidade?
Esfregados bem os olhos e apurados os ouvidos (ou pelo menos aquele que ainda funciona razoavelmente), eis que se torna óbvio o despudor de tal criatura: então não é que ela avisa Centeno em como o que distingue o bom governante do mau governante é a capacidade para conseguir executar o Orçamento, algo em que ela diz nele não acreditar?
Rebobinemos a fita um pouco atrás: esta não é a estulta personalidade que falhou na execução de tantos orçamentos quantos assinou, sempre obrigando a retificativos? Será que se deu conta de se autoqualificar de má governante, conseguindo por uma única vez a nossa concordância com quanto saiu da sua boca?
Mas sobrou outro aspeto complementar das suas afirmações: o conselho para que, numa altura de tanta turbulência nos mercados, Portugal saia dos seus holofotes.
Nesta opinião em particular só podemos sentir alguma comiseração pela autora, porque dá demonstração evidente da sua personalidade timorata, que prefere curvar-se aos por si entendidos como poderosos, em vez de os enfrentar abertamente e fazer-lhes sentir a força das suas razões.
É este Portugal, que bate o pé em Bruxelas, em Estrasburgo ou em Berlim, que assusta esta direita, por temer vê-lo novamente respeitado e engrandecido. Sem os argumentos da TINA (There is no alternative) e dos supostos méritos do bom aluno, ela fica sem quaisquer argumentos para justificar a estratégia do medo sobre o futuro com que quere novamente afivelar-se ao pote.

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