quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Parole, parole, parole

Porque toda a regra tem exceção, hoje vi «Os Negócios da Semana» por estar interessado em assistir á forma como o Ministro do Planeamento, Pedro Marques, iria corresponder aos sempre acintosos ataques do entrevistador.
Já confiava nas suas qualidades para um desempenho superlativo nos desafios da governação, mas o que constatei foi a segurança com que desmontou as suposições e as tentativas de o levar a uma afirmação passível de ser falaciosamente isolada do contexto e capaz de transmitir um juízo erróneo sobre o que tinha sido dito.
Detenhamo-nos num exemplo preciso: a nomeação dos administradores da TAP indicados pelo Governo. Relativamente a um dos nomes mais badalados, Luís Patrão, o indivíduo da SIC questionou se seria um deles, logo lembrando tratar-se de quem está a assumir a gestão financeira do Partido Socialista.
A confirmação de tal nome por Pedro Marques daria substância ao que o interlocutor pretendia explorar: que os “tachos” são para os amigos de António Costa. Como se tivesse legitimidade moral para concretizar essa “denúncia” por, por exemplo, ter denunciado em devido tempo as ligações via Tecnoforma de Passos Coelho aos administradores por ele nomeados para a Parvalorem, e que agora estão a servir de facilitadores para que outro nome ligado àquela empresa - Miguel Relvas - ganhe estatuto de banqueiro.
Perante tal armadilha, o que fez Pedro Marques? Desmentiu que já tivesse designado alguém e lembrou que Luís Patrão até tem currículo na TAP por aí já ter exercido funções de entre as muitas, que lhe foram confiadas.
A este caso poderia acrescentar muitos outros, mas seria incorrer em fútil redundância: Pedro Marques deu as informações, que repetirá hoje na Comissão Parlamentar e deixou o pretenso economista da SIC a contas com os seus incuráveis preconceitos ideológicos.
Ficaria por aqui se não estivesse a verificar-se esta constante: qualquer membro do governo que esteja confrontado com entrevistadores da comunicação social ou em debates parlamentares denota a convicção demonstrativa de saber muito bem o que pretende e o como fazer.
Que superioridade em relação ao triste espetáculo de ministros e secretários de estado do governo de Passos Coelho, que repetiam banalidades e se iam atrapalhando com as incoerências dos seus discursos. Quando tal não sucedia, e isso era evidente nos dois cabeças de cartaz da coligação da direita, era um chorrilho de mentiras na forma da imaginativa novilíngua, que vinha cá para fora.
Eu sei que não irá ser fácil dar a volta a jornais e televisões dominados por gente de direita, mas a prestação de Pedro Marques no programa da SIC explicou porque estou tão confiante quanto à lenta, mas sustentada progressão do governo nas sondagens. É que não haverá quem o consiga confrontar com contradições, incoerências ou provas de incompetência. Deixando aos seus críticos o papel de ficarem a cantar sozinhos um velho tema da Mina e de Adriano Celentano: Parole, parole, parole.

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