sexta-feira, 8 de abril de 2016

Eu, o inveterado otimista

Os sucessivos escândalos, que vêm sendo noticiados regularmente - desde as fugas de informação da Wikileaks às Swiss Leaks, do desmascaramento da NSA por Snowden até aos Panama Papers - causam boas manchetes nos jornais e notícias de abertura nos telejornais, mas tardam em alterar o modelo de comportamento do capitalismo, e quiçá a sua substituição por uma alternativa mais justa e igualitária. 
Com alguma pertinência há quem lembre o príncipe Dom Fabrizio Salina, criado por Lampedusa, que defendia a necessidade de mudar alguma coisa para que tudo ficasse na mesma. Nesse sentido e mantendo-nos em terreno literário, seria algo do que Shakespeare designaria como «much ado for nothing».
Pessoalmente quero crer que não será tanto assim: se a História evolui muitas vezes por ruturas, também funcionam as mudanças feitas do extravasar de um copo paulatinamente cheio por factos sucessivos tendencialmente convergentes na mesma direção. Ora todos estes escândalos causam indignação numa lógica de contestação ao sistema existente, que se revela cada vez mais incapaz de sustentar a sua resiliência.  Não estamos muito longe daquele cenário previsto por Marx em que a acumulação de riqueza em poucas mãos torna-se tão indecorosa, que os dela despojados não tem outra alternativa senão revoltarem-se…
E quem disse que a razão está sempre com os pessimistas? Eu, otimista, que já tive a oportunidade de assistir a tantas revoluções, vou entrar nos sessentas com a expectativa de testemunhar muitas mais...

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