quinta-feira, 14 de abril de 2016

O fascismo mora ao nosso lado

Uma das formas mais sinistras de fascismo é assumida pelo fenómeno dos “vigilantes”, normalmente chefes de família pequeno-burgueses que vencem a sua congénita cobardia através da força do número, ou seja de grupos mais ou menos numerosos dispostos a impor os seus preconceitos.
A História recolhe inúmeros exemplos desse tipo de criminosos, que tanto se mascararam com os ridículos lençóis do Ku-Klux-Klan no sul dos Estados Unidos, como revelaram um porte militarizado com as SA nazis. Mas não se trata de organizações apenas situadas no Ocidente: em todas as latitudes e longitudes surgem sempre biltres dispostos a proporem a outros de sua igualha a cumplicidade no exercício da violência sobre os mais fracos, seja por serem diferentes em cor, em crenças ou em estilos de vida.
Um exemplo atual desse tipo de “defensores da lei e da ordem” surgiu na Bulgária nas últimas semanas com grupos de civis organizados junto às zonas fronteiriças com a Turquia a impedirem o acesso de refugiados.  Com o apoio explicito do governo e das autoridades policiais foram distribuindo agressões brutais até a sua revelação em vídeos virais terem resultado num escândalo político.
Pressionado pela Comissão Europeia, que vai tapando os olhos ao que se passa na Hungria ou na Polónia, mas dá sinal, aqui e ali, de parecer que faz alguma coisa na defesa dos direitos fundamentais, o governo de Sofia já verbalizou uma condenação dos seus recentes protegidos, prometendo até levá-los a julgamento. Mas sabemos bem como a xenofobia é um cancro difícil de combater, mesmo com poderes políticos que a combatem, quanto mais com os que só o decidam fazer, quando já se tornou tão mediática a sua conivência.
Noutro país, a Arábia Saudita, também os vigilantes do Comité para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício passaram a estar proibidos de reprimir os alvos da sua ira. Os escândalos associados às suas ações já atingiram tal dimensão, que mesmo um monarca ultrarreacionário como o atual teve de pôr cobro aos exageros dos seus mais fiéis apaniguados.
Em fevereiro uma jovem foi brutalmente agredida por um grupo de muttawin à porta de um centro comercial em Riad, depois de ter resistido a uma ordem para tapar integralmente o rosto.
Mas os exemplos verificados no passado conseguem ser ainda mais ignóbeis: em 2012, e apesar de estarem proibidos por um regulamento interno de fazer perseguições, um grupo de vigilantes provocou o despiste de um automóvel e a morte do pai da família que nele viajava apenas por não ter baixado o volume do rádio. E, em 2002, 15 alunas de uma escola de Meca morreram asfixiadas por lhes ter s barrada a saída de um edifício em chamas apenas porque não usavam o devido hijab.
A luta contra as várias formas de fascismo jamais poderá abrandar, porque ele constitui o pior do que existe no âmago dos mais abjetos seres que constituem os vários tipos de sociedade.

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