sábado, 28 de maio de 2016

Seis meses e um dia depois

1. Alguns dos momentos de maior satisfação das últimas semanas coincidem com os debates quinzenais da Assembleia da República, com António Costa a mostrar que, além de excelente negociador e de possuir um projeto consistente para o futuro do país, também se revela um excelente tribuno, capaz de desbaratar as pífias intervenções da direita parlamentar.
Por muito que nos dê muito jeito uma oposição incapaz de sair da sua lógica maledicente sem revelar nenhuma ideia alternativa aproveitável para o futuro dos portugueses, não deixa de ser triste, que uma parte significativa do espectro político leve a mediocridade a níveis ainda mais baixos do que nele há muito costumamos constatar.  É que olha-se para aquela corte, que rodeia Passos Coelho e os risos alarves ali constatados, são os que qualquer fisionomista não duvidaria em situar no grupo dos idiotas. Ouve-se Assunção Cristas e só se pode imaginar o que ela era, décadas atrás, quando adolescente deveria querer sobressair dos colegas de liceu como uma chica-esperta. Tantos anos depois ainda não conseguiu amadurecer o bastante para se livrar desse tom pespeneta, que irrita e nada diz que se aproveite.
A continuar assim, este governo arrisca-se a passar estes quatro anos a só contar como verdadeira oposição a que vem das instituições europeias e ver as bancadas parlamentares da direita como meras correias de transmissão desses interesses externos.
2. O acordo conseguido pela ministra Ana Paula Vitorino ao estabelecer a paz social entre os operadores portuários e os estivadores é mais uma demonstração da regra: a direita critica, o governo age e resolve.
Nesta altura deve haver uma certa confusão na cabeça de muitos opinadores da direita e de muitos empresários com ela conotados, porque se há algo de que a economia carece para funcionar é de quem crie as condições para a resolução dos potenciais conflitos sociais. Ora, enquanto o PSD e o CDS apostariam na conflitualidade, que pusesse em causa a estabilidade governativa, esta vai-se consolidando com demonstrações sucessivas de existência de quem mostra capacidade e vontade para resolver os problemas em vez de, como sucedia anteriormente, atirá-los para debaixo do tapete a ver se eles se resolviam por si mesmos.
3. O «Expresso» parece ter aberto uma nova secção semanal em que “socialistas” com algum nome fazem o frete de dizer mal de António Costa e do atual governo.
Na semana passada foi Sérgio Sousa Pinto, hoje será a vez de Francisco Assis a cumprir tão triste figura. Não é preciso ser um grande adivinho, quais os nomes que se seguirão: há ainda uns tantos ressabiados dentro do Partido Socialista com o sucesso da «geringonça»!
É claro que são muitos os militantes que colocam a questão: o que é que eles ainda fazem dentro do Partido? Não seria mais avisado, que transitassem para um dos partidos da direita, onde as suas ideias poderiam ser bem melhor aproveitadas? É que, com o vazio ali a imperar, sempre poderiam vir a ser reis em terra de cegos!
4. Um comentário final para o balúrdio de dinheiro posto à disposição de Mourinho para contratar reforços para o Manchester United. Mais do que o orçamento anual do Ministério da Cultura ou do Hospital de Santa Maria. Se isto não é uma enorme obscenidade, não sei o que será...

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