quarta-feira, 4 de maio de 2016

Uma mão cheia de casos

Nos últimos dias deixei por abordar alguns temas relevantes e que merecem ser sublinhados por quanto significam sobre os tempos atuais.
1. Um deles tem a ver com a investigação em curso sobre a negociata feita por Aguiar Branco em Viana do Castelo com a entrega dos seus Estaleiros à Martifer.
Na altura tudo aquilo cheirou a esturro, mas o ministro valeu-se da arrogância do «posso, quero e mando» para dar a entidades privadas um ativo público de interesse indiscutível para um país, que se quer apostado numa Economia do Mar. Vale a pena constatar se foi apenas um caso de negligência (ainda assim um crime contra o Estado), ou se o escritório do conhecido advogado portuense ganhou algo com o negócio. E aí teremos um exemplo óbvio de corrupção…
Mas não é, apenas o acordo com a Martifer, que causa legítimas desconfianças: que dizer da entrega do navio Atlântida ao empresário Mário Ferreira a troco de 8,7 milhões de euros, e que ele logo tratou de revender a uma empresa norueguesa por 17 milhões?  Um lucro se 100% em poucas semanas nem nos tempos áureos da Dona Branca.
2. Outro assunto, que esteve em evidência por estes dias foi a manutenção do rating de Portugal pela agência de rating canadiana, apesar das velinhas acesas e das pragas repetidamente lançadas pelos joségomesferreiras das nossas televisões.
Vendo derrubadas sucessivamente todas as previsões quanto à breve governação de António Costa, a decisão da DBRS era uma das derradeiras esperanças dos que odeiam a Geringonça.
Agora terão de mudar de narrativa sobre qual o próximo momento em que anteveem novas possibilidades de dar livro curso à Caranguejola.
3. Um dos que vive decerto em estado de alucinação em relação a uma realidade, que se ajusta aos seus piores pesadelos, é o deputado Carlos Abreu Amorim, que esta semana anunciou a sua desconsideração por Paul Krugman, cujas opiniões contradizem tudo quanto ele acredita.
É claro que, sabendo disso, o célebre professor norteamericano, galardoado com um Prémio Nobel, deverá estar a sentir-se bastante incomodado!
Se ainda fosse a Merkel ou o Stieglitz ele ainda poderia engolir a afronta, mas agora o celebérrimo organizador das excursões a Fátima para ganhar votos dos velhinhos de Gaia? É demais!
4. A semana também tem sido fértil em números sobre o que as empresas privadas ganharam com a direita no governo durante os últimos quatro anos: em 2015 as duas principais entidades, que acumulam lucros com o negócio da Saúde dos portugueses, embolsaram 112 mil euros à hora.  Pagaram-nos os cidadãos que se viram obrigados a recorrer aos cuidados proporcionados por hospitais de grandes grupos económicos por não os encontrarem disponíveis em qualidade e rapidez no Serviço Nacional de Saúde em que propositadamente se desinvestiu.
Trata-se de um objetivo, que a direita não abandonará: esquecer os direitos constitucionais consagrados à Saúde,  à Educação e à Segurança Social para que os seus amigos do peito embolsem dividendos à custa dos contribuintes.
5. E, concluo com outro número elucidativo: a China Three Gorges vai receber dividendo de 108 milhões de euros pelo quinto ano consecutivo.
Desde a entrega da EDP aos chineses os portugueses ofereceram meio bilião de euros ao Estado Chinês, graças à privatização decidida pelo governo de Passos Coelho e Paulo Portas.  Se essa opção não constituiu um verdadeiro crime  económico para o país, não sei que outro se revela tão evidente...

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