sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Quando os defensores da «Geringonça» se deixam embalar pelo conto do vigário

Os últimos dias têm sido um fartar vilanagem para quem tem por objetivo criar as condições para a queda do governo liderado por António Costa.
Bem vejo uns quantos insurgirem-se contra as mentiras e as deturpações à verdade promovidas pelos josés gomes ferreiras e pelos josés rodrigues dos santos das nossas televisões, e logo os vejo a alinharem na manipulação intensiva em torno do suposto (e falso) aumento do IMI ou até a pedirem a demissão do secretário de Estado envolvido nessa revisão legislativa.
Não aprenderam ainda com a história dos colégios privados, que o padrão é sempre o mesmo? É só a direita e os lóbis a ela associados encontrarem alguma alteração do status anterior e logo iniciam a diabolização do governante em causa, acabando por promover os mais indignos assassinatos de carácter.
Com Tiago Brandão Rodrigues foram à procura de um invejoso, cuja carreira medíocre em nada se compara com o brilho da do ministro, e vieram com uma estória desconchavada sobre subsídios indevidos ou não devolvidos. Depois, com a secretária de Estado agarraram no facto dela ter a sua prole a estudar no Colégio Alemão para a menorizar, quando sabiam de sobra que ela escolheu o ensino privado, mas paga-o do seu bolso sem estar à espera da ajudinha dos contribuintes.
Falei atrás do padrão e ele lembra aquela célebre quadra do Aleixo, que constata que “para a mentira ser segura/ E atingir profundidade /
Tem que trazer á mistura/  Qualquer coisa de verdade.”
A verdade aqui foi a de um secretário de Estado ter ido a um jogo de futebol, havendo quem dentro do Partido Socialista viesse exigir a sua demissão para se manter a “coerência” suscitada pela saída de João Soares. Ó que só demonstra como, apesar de terem ficado órfãos do seu antigo líder, os derrotados das Primárias estão sempre disponíveis  para, ao virar da esquina, assentarem a sua ferroada.
Mal vão os militantes e simpatizantes do atual governo quando aceitam apontar as baterias na sua direção, desviando-as do verdadeiro perigo que está e continuará a estar na trincheira onde se acoitam os que, durante quatro anos, causaram tanto mal.
Eu sou o primeiro a desejar que os padrões éticos de quem nos representa sejam os mais irrepreensíveis, mas não estou disposto a dar para um peditório em que se prescinda da competência irrefutável de alguém só porque cometeu o erro de, na euforia de um instante, aceitar um convite, que julgava inócuo mas logo serviu para o diabolizar na praça pública.
Aceitasse António Costa a sua demissão e logo teria de prescindir de outros dois secretários de Estado, que também terão ido ao futebol, criando-se o precedente por dá cá aquela palha ir prescindindo dos membros sua equipa. E, como toda esta estratégia obedece a esse padrão, lembre-se outro exemplo em que idêntica situação quase levou à demissão do ministro da Defesa, quando abordou com lucidez e equilíbrio as práticas homofóbicas de quem dirigia o Colégio Militar.
Ao fim de dois dias, nem a vitória  da seleção olímpica sobre a Argentina, travou os ímpetos da porcina figura que lidera o CDS em querer interromper as férias parlamentares para a exibição do tipo de populismo, que vai grassando além-fronteiras e que cá devemos extirpar antes que ganhe maior dimensão. Mas para tal é preciso que os próprios defensores da «Geringonça» não se deixem levar pelo conto do vigário. Mesmo quando ele parece tão bem contado...

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