domingo, 18 de setembro de 2016

Andamos precisados de repelente para as melgas

Há um discurso instituído de estarmos em estagnação, que se tem dramatizado como se fosse problema novo, quando ele tem um historial longo atrás de si e até contou, durante os quatro anos de Passos Coelho, com um assinalável recuo.
Falseia-se não só a realidade falando de uma suposta bancarrota de 2011 sem nela aplicar a causa próxima da crise internacional de 2008, mas também esse crescimento (que está efetivamente a acelerar-se!) sem atender aos fatores fundamentais em vias de o alavancarem.
Não é explicito o editorial desta semana do Pedro Santos Guerreiro no «Expresso» em como os apoios do quadro 2020 ainda não começaram a chegar à economia, porque os candidatos são tantos, que é moroso identificar, de entre eles, os que possuem maior potencial? Segundo esse texto o que está em causa não é a falta de interessados em lançar novos investimentos, mas existir uma tal crise de abundância, que o maior risco é começar a distribuir aleatoriamente os apoios sem cuidar de serem eles os de maior valor acrescentado.
Importunam-me as críticas dos que dizem estar este governo obcecado com o défice, quando eram eles próprios a justificarem todas as malfeitorias de Passos Coelho em nome desse «superior interesse da Nação».
António Costa está a revelar-se sábio na forma como anda a frustrar tais críticos retirando-lhes todos os argumentos: não lhes dá ensejo para criticarem a necessidade de orçamentos retificativos, que eles tanto desculpavam ao antecessor, e muito menos permite às instituições europeias, que encontrem nos desequilíbrios orçamentais os alibis para imporem pela força a (péssima) solução anterior.
É por isso que, se dantes, e mesmo sabendo o quanto elas (pouco) valem, ia olhando com expetativa as sondagens para constatar a progressiva distância entre a esquerda e a direita nas previsões eleitorais, agora que elas vão progressivamente dando conta desta realidade socialmente consolidada, vou transferindo a atenção para os números dos indicadores deste trimestre, ciente de constituírem bons motivos para esses zelosos críticos meterem a viola no saco.
Como dizia o ministro da Economia, nesta altura deste ano estamos bem melhor do que em situação homóloga do anterior, e daqui a doze meses, sentir-nos-emos igualmente em situação bem mais favorável do que hoje.
Por quanto tempo continuaremos a ser atazanados pelo zumbido irritante de tais melgas, obtendo finalmente o seu eficaz repelente? 

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