sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Pensar é perigoso

Hoje a capa do «Público» faz notícia com a afirmação de um italiano cuja relevância me escapou até agora - e provavelmente assim continuará! - mas segundo o qual a vitória de Marine Le Pen nas eleições francesas será um facto. Ora esta tese, que estou longe de comprar!, faz-me lembrar uma frase da Hannah Arendt evocada há algumas semanas pela Maria João Seixas numa entrevista com o arquiteto Joaquim Moreno, e segundo a qual pensar é perigoso, mas não o fazer é-o muito mais.
E é isto que está em causa: a velocidade com que desfilam imagens à nossa frente durante cada dia, seja nas televisões, seja nas redes sociais, impediu as pessoas de pensarem no que vivem. Seria necessário fazer parar por um momento esse fluxo ininterrupto de informação, que na sua quantidade e qualidade, criam uma amálgama de desinformação capaz de ecoar no que cada um tem de mais negativo dentro de si, no respeitante às angústias sobre o seu futuro imediato e o dos que mais lhe importam.
O desafio que se coloca às esquerdas é o de saberem colocar um pau nessa engrenagem alienatória, que faz emergir o pior do imaginário coletivo e esmagar o que ele poderá representar em valores momentaneamente esquecidos como o são os da tradição republicana.
No fundo trata-se de estimular ao pensamento, quem se fica pelas impressões genéricas de uma realidade, que pode ser apreciada de forma bastante mais esperançosa se nela se impuserem as políticas destinadas a sobrepor o interesse das pessoas ao das corporações financeiras, o das liberdades às das ditaduras do pensamento ideológico dominante, que é o da sobrevivência de um capitalismo sem soluções para garantir uma vida digna à maioria dos cidadãos.
José Guimarães

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