segunda-feira, 6 de março de 2017

Quando homens sem qualidades insultam quem as tem

Pessoalmente não sinto particular simpatia por Francisco Louçã a quem imputo fortes responsabilidades por termos sofrido quatro anos de entroikada governação. A solução política, fundamentada na atual maioria parlamentar, dificilmente a veria possível se o Bloco não tivesse passado a ser dirigido pela nova geração, que recebeu o testemunho dos fundadores. Mas a polemicazinha (no diminutivo, porque essa é a natureza de quem a quis lançar) desta semana revela bem como as direitas portuguesas estão pejadas de «homens sem qualidades».
Celeste Cardona ou Nuno Fernandes Thomaz são dois casos que logo surgem a talhe de foice como exemplos de quem não possuía currículo justificativo para que o CDS de Nuno Melo os impusesse, anos a fio, como administradores da Caixa Geral de Depósitos. Bastava ao partido a divisão do poder com o PSD e logo garantia esses e outros cargos bem remunerados para algumas das suas mais gradas figuras.
Só pode ser, pois, anedótica a indignação revelada esta semana por aquele deputado europeu quanto à nomeação de Francisco Louçã para consultor do Banco de Portugal.
Quem é Nuno Melo para se considerar habilitado a criticar a indigitação de um prestigiado professor universitário, com obra de referência publicada nas áreas económicas, para o pretender desqualificar em nome da «partidarização»? Para além de andar na política com tiques de hooligan e penteados ridículos, que méritos alguma vez já exibiu quem nessa atividade tem auferido rendimentos escandalosamente acima dos revelados pelos seus méritos?
A história só mereceria a indiferença, que devemos dedicar a tal gente, se não continuasse o efetivo abocanhamento dos principais cargos públicos em favor dos que, provenientes das áreas políticas da oposição, tudo farão para levantarem obstáculos desnecessários às políticas do governo.
Nesse sentido justifica-se a nomeação de Miguel Frasquilho para «chairman» da TAP? Para além de político sem rasgos de brilhantismo ou de quadro influente do universo bancário da família Espírito Santo, que currículo o habilita a tal promoção? O facto de ter andado a publicitar as maravilhas de investir em Portugal, que insuficiente acolhimento recebeu junto dos potenciais potentados estrangeiros? Não se lhe conhecem, também aí, grandes feitos! Como é que ainda pode alguém reclamar quanto à suposta partidarização das administrações públicas? Só a intenção de lançarem areia para os olhos dos mais ingénuos com «factos alternativos» justificarão tais atoardas...

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