quarta-feira, 14 de junho de 2017

A imprescindível barrela no mais perigoso dos éfes

Não sei se Cristiano Ronaldo é inocente ou culpado. E, verdade verdadinha, é para o lado em que durmo melhor! Mas que o futebol anda precisado de uma boa barrela não sobram dúvidas. Começando na ação dos agentes dos jogadores e acabando nos sites de apostas tudo tresanda e o que menos parece importar é quanto se passa em campo.
Há muito que deixou de fazer sentido a beleza do jogo pelo jogo com alguns mais talentosos a praticarem malabarismos circenses e o espírito de equipa a revelar movimentações geométricas dignas de antologias.
Hoje glorifica-se Mourinho embora as suas equipas pratiquem um futebol feio, mas tanto quanto possível eficaz. Sacrificou-se o encanto em proveito dos resultados. O bom treinador não é o que põe as equipas a extasiar os espetadores, mas as que põem os adeptos a julgarem-se superiores aos rivais. Como se a arte fosse uma questão de afirmação tribal, ainda que de um e outro lado existam os mesmos operários, mangas de alpaca, informáticos ou os de quaisquer outras profissões, que deveriam comungar preferencialmente nos interesses pelas respetivas qualidades de vida do que andarem à tareia por causa  de uns ganharem e outros perderem.
Criou-se inaceitável complacência para com a infiltração das extremas-direitas nas claques, apostadas em gerar ambiências infectas, doentias, consonantes com os seus objetivos de tornar tudo pior, porque é nas mais extremas circunstâncias, que conseguem prevalecer os seus objetivos sinistros.
O futebol converteu-se no efe mais perigoso para quem não se conforma com este estado das coisas e o quer ver transformado noutra realidade mais respirável. Por isso, quando as malhas da Justiça, mesmo que fiscal, se apertam em torno dos negócios de milhões, com tudo quanto comportam de ilícito, só nos podemos congratular. Talvez a limpeza traga consigo um ecossistema político e social bem mais sadio.

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