sábado, 15 de julho de 2017

Abutres, remodelações, sururus e negas a Deus

1. O maior problema dos negócios da Altice em Portugal até nem é a compra da TVI: esta estação televisiva tem uma linha editorial tão anti-governo que dificilmente conseguirá piorar na forma como deturpa e manipula a informação.
O que está em causa, e mais preocupa o governo, é a prática dos abutres financeiros, que acorrem aos mercados fragilizados por políticas fanaticamente privatizadoras de tudo quanto cheire a setor público, e pegam em empresas, outrora sólidas e dotadas de uma cultura própria, destruindo-as através da criação de sucursais satélite, mais tarde ou mais cedo vendidas com obscenas mais valias, tratando de, em tal percurso, lançar no desemprego a maioria dos colaboradores originais.
Patrick Drahi, o patrão da empresa, não inventou a pólvora, limitando-se a replicar a estratégia de muitos «heróis» do capitalismo selvagem, que aproveitaram as condições propiciadas pela Administração Reagan e pelo governo Thatcher para potenciarem as propostas de Milton Friedman a partir dos anos 80.
O que a Altice está a intentar em território luso não seria possível sem toda a revisão das leis laborais concretizada pelo governo de Passos Coelho nos quatro anos em que, para nossa desdita, o tivemos de suportar. Daí que, para além de travar as manobras da empresa na medida  do possível, importa reverter muitos dos direitos perdidos nesse período, reequilibrando a relação legal entre o capital e o trabalho.
2. A ser verdade o que se ficou a saber das razões para a substituição de Margarida Marques à frente da secretaria de Estado dos Assuntos Europeus - a autossuficiência em relação ao aparelho administrativo, só dialogando com os assessores e colaboradores mais diretos, e a indução de uma desnecessária confusão no primeiro-ministro relativamente aos requisitos para a localização da Agência Europeia do Medicamento - a sua substituição justifica-se.
Quase por certo os seus conhecimentos sólidos das matérias, que tutelou, poderão ser utilizados  com melhor proveito na atividade parlamentar doravante assumida enquanto deputada.
3. Enquanto jornais e televisões desenvolvem intriga sem justificação a respeito do relacionamento entre a exonerada Margarida Marques e Augusto Santos Silva ou António Costa, melhor fariam em olhar para o grupo parlamentar do PSD onde a entronização do bacoco Hugo Soares como líder parlamentar está a suscitar sururu nas filhas mais recuadas da bancada.
Passos Coelho vai mantendo um núcleo fiel cada vez mais exíguo, tendo dificuldades em silenciar quem já o condena ao tal caixote do lixo donde não se volta a sair.
4. Sinal inequívoco do declínio das religiões - embora não tão rápido quanto eu desejaria, convicto da sua natureza opiácea em relação ao despertar da inteligência popular! - a Teologia foi um dos cursos superiores que ficou sem alunos nos dados agora distribuídos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Vão faltando vocações para assegurar a continuidade de uma idiossincrasia, que os tempos modernos vão tornando progressivamente absurda...

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