sexta-feira, 13 de outubro de 2017

As tendências que se confirmam

As sondagens valem o que valem, mas a que saiu hoje e dá as esquerdas a subirem e as direitas a descerem deve ter suscitado particular azia nas hostes de Cristas, partindo do pressuposto que, para os lados da Lapa vigora a ideia de não ser possível cair ainda mais baixo, pelo que a chegada de nova liderança, devolverá vida ao moribundo em que o microcosmos laranja se converteu.
Os eleitores têm ganho maior sapiência nos últimos dois anos à medida que política séria e competente se afirma em resultados invariavelmente positivos, reconhecidos pelas mais variadas instâncias nacionais e internacionais.  Desde o INE ao Banco de Portugal, da Comissão da D. Teodora ao FMI, das agências de rating à Comissão Europeia sucedem-se as constatações de ser possível uma alternativa à TINA tão do agrado de uns quantos. Por isso mesmo houve mais gente a votar nas autárquicas, infletindo as tendências crescentes de abstenção e com os resultados a ditarem as tendências agora evidenciadas pela Eurosondagem. Porque, apesar do entusiasmo de Assunção Cristas na noite eleitoral, o CDS mostrou-se efetivamente em perda de eleitores ao contrário do PCP, que até os aumentou, mesmo que, em aparência, tenha sido «derrotado» pela perda de uma dezena de autarquias.
Adivinham-se as angústias existenciais dos eleitores desses setores ideológicos à direita, sabendo-se que Cristas se restringe a um pequeno fogacho local - mesmo com a importância de se tratar da capital! - e que as escolhas laranjas incidirão sobre dois candidatos tão obsoletos como os famosos tamagotchis, que estavam na moda quando eles surgiam nas primeiras páginas dos jornais, mas já perderam totalmente a atratividade enquanto moda passível de ser repescada.
Poderão alguns, mais atarantados, pensar na possibilidade de manter a Operação Marquês como argumento de pressão para tentar contaminar a governação com as narrativas nela ensaiadas, mas o cordão sanitário estabelecido por António Costa é suficientemente forte para que tais intentos saiam frustrados. E, à medida, que se demonstrar a futilidade da maioria das suposições elaboradas pelo Ministério Público a respeito do antigo primeiro-ministro, ainda pior se revelará o cenário para essas direitas que terão falhado duas vezes a utilização da manipulação da Justiça e dos jornais para inculpar cúpulas socialistas, primeiro com a farsa Casa Pia e, agora, com a Operação Marquês.
Para o reformado, que eu sou e desejo ver a qualidade de vida salvaguardada de obscenos cortes nos rendimentos, a atual convergência das esquerdas é o seguro de vida, para que não voltem os temores dos anos  em que se estava a estabelecer um racismo insidioso contra quem era apodado de «peste grisalha». E a vontade comum das esquerdas em que esse tempo não volte atrás só consolida a ideia de um futuro, senão melhor, pelo menos tão esperançoso como o atual, ainda está para vir.

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