sábado, 10 de fevereiro de 2018

Os disparates que também vêm de outras paragens


Para mitigarmos a desconfiança quanto a vivermos num país dado ao anedotário, tendo em conta a simpatia presidencial pelas torradeiras e a conceção cardinalícia sobre a sexualidade dos recasados, podemos olhar lá para fora e compensarmo-nos com os exemplos alheios. Por exemplo, nesta sexta-feira entrou em vigor uma nova lei na Rússia, que interdita aos polícias a possibilidade de pararem, obrigarem a testes de alcoolémia ou passarem multas a juízes. De facto o direito civil do país de Putin permitirá que, doravante, os juízes possam conduzir completamente bêbedos sem temerem quaisquer problemas legais.
Quando julgávamos que os nossos juízes já dispõem de demasiado poder, o exemplo russo demonstra-nos que os carlosalexandres desta vida ainda poderão sonhar com mais umas quantas regalias, que nem lhes passaria pela cabeça exigir.
De outro tipo é a história em torno de Todd Rogers, o até há pouco recordista mundial do jogo Dragster a quem se homologara o tempo de 5,51 segundos para percorrer a pista. Segundo o que se sabia esse desempenho ocorrera em 1982 e nunca mais ninguém se lhe conseguira igualar. O problema foi ter aparecido quem, agora, desconfiando da veracidade de tal resultado, tivesse virado toda a programação do jogo do avesso concluindo que é humanamente impossível fazer melhor do que 5,57 segundos.
Analisadas as circunstâncias em que o record fora alcançado - apenas na presença de um amigo do «campeão» -, concluiu-se ter sido um exemplo clássico de fraude.
Bem mais sinistra é a proposta da Amazon, que começou a comercializar um tipo de pulseira destinada às entidades empregadoras, que queiram ter uma vigilância contínua sobre os seus empregados. Segundo o «New York Times», podem assim controlar o tempo por eles «desperdiçado» na casa de banho ou noutro qualquer tipo de pausa.
A escravatura moderna vai atualizando métodos bem conhecidos nos aplicados séculos atrás, quando a civilização negreira andava no seu auge.
Mas concluamos com uma estória engraçada e passada há mais de meio século, quando um jornalista procurou do primeiro-ministro chinês Chou En-lai o que pensaria se, em vez de John Kennedy, tivesse sido Nikita Kruschev a ser assassinado.
O austero marxista Chou não acreditava que meros acontecimentos pessoais alterassem a História. Por isso redarguiu com uma bem humorada ironia: "Bem, penso que dificilmente Aristóteles Onassis teria casado com a senhora Khrushchev." 
Adivinha-se a cara de espanto do entrevistador perante a forma como Chou correspondera com tão perspicaz inteligência a uma pergunta estúpida.

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