terça-feira, 27 de julho de 2010

UNIR A ESQUERDA

Tese singular e pertinente a que Rui Tavares apresentava ontem no «Público» a respeito da proposta de revisão constitucional de Passos Coelho: não é que se acredite no PSD no fim imediato do Sistema Nacional de Saúde. Mas ao aludir a essa possibilidade a direita irá procurar inseri-la no inconsciente colectivo para a exequibilizar mais à frente.
Num exemplo muito feliz, Rui Tavares dá este exemplo: imaginemos que o PSD propunha que o país relançasse o projecto de viagem até Marte. Mas, não sendo possível de imediato, acaba por propor, e conseguir, a destinada à Lua. Ora, a reacção adequada seria a de arrumar a questão com a constatação de nunca ter estado sequer em cima da mesa um qualquer programa espacial.
Esta estratégia denota uma inteligência, que não tem sido frequente na direita em Portugal. Se algo caracteriza o actual projecto do PSD  é a visão de objectivos a longo prazo, alcançáveis mediante pequenas e sucessivas vitórias imediatas.
É por isso que a esquerda terá de contrapor uma maior inteligência no que deverá fazer a seguir, procurando diluir divergências e propor o máximo denominador comum de tudo quanto as possa unir. Sob pena de abrir caminho a formas inaceitáveis de recuos civilizacionais no campo dos direitos da maioria sociológica da população...

Sem comentários:

Enviar um comentário