segunda-feira, 20 de junho de 2011

O futuro à frente dos nossos olhos

Anos a fio as ideias ultraconservadoras, hoje ligadas ao neoliberalismo de raiz miltonfriedmaniana (a quem o novo ministro das Finanças dedica assumida devoção!), foram travadas pela existência do muro de Berlim.
Embora o mito comunista não se identificasse com a sua realidade, os donos do dinheiro e das empresas ocidentais temiam a possibilidade de contaminação ideológica das massas por si exploradas, que foram coniventes com as políticas social-democratas de sucessivos governos, fossem eles de esquerda (na Suécia de Palme ou na Alemanha de Brandt), fossem eles de direita, já que a sua raiz democrata-cristã também não deixava de dar ao Estado a importância reguladora e estimuladora de investimento que deveria ser a sua dentro de uma lógica keynesiana.
Chegámos ao ano zero em que os partidos socialistas quase foram erradicados dos governos europeus, perdurando em Espanha e na Grécia, aonde não tardarão a cair.
Até recentemente - e as eleições de 5 de Junho demonstraram-no! - tem sido a direita a aproveitar paradoxalmente a conjuntura criada pela derrocada do capitalismo financeiro a que está tão ligada.
Mas, a realidade está a mudar, e este ano anuncia-se como o da refundação da mesma esquerda e da sua capacidade em dar respostas consistentes aos desafios vislumbráveis já a curto e médio prazo.
Porque o fenómeno dos «indignados» está em crescendo em vários dos países da União Europeia e as dificuldades da população grega ganham tal dimensão, que dali sairá provavelmente uma revolução violenta, que servirá de dissuasor à temerosa direita ocidental, enfim confrontada com a sua excessiva deriva para a falta de regras do capitalismo selvagem.
O que se verifica nas ruas de Atenas não exclui a possibilidade de uma tal crise politica, redundar em sangue - e não apenas o dos revoltados - a correr nas suas calçadas.
É para essa eventualidade que os socialistas se devem preparar: sem se fazer anunciar um clima político completamente diferente deverá surgir. E caberá à esquerda a responsabilidade por canalizar revoltas anárquicas para movimentos consistentes de reformas capazes de pôr cobro a esta exagerada financeirização da economia.

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